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Perdas e Desperdício de Alimentos

Perdas e Desperdício de Alimentos
Foto: Freepik

Por Nuria Chaim

Perdas e Desperdício de Alimentos ou PDAs. O assunto está na pauta de artigos, matérias e até de receitas de chefs famosos. Como reduzir as perdas e desperdício? É possível incorporar essa pauta no nosso dia a dia?

Vamos entender primeiro o que significam perdas e desperdício de alimentos. Usa-se o termo “perda” para se referir ao descarte do alimento que foi originalmente produzido para consumo humano nas etapas anteriores ao consumo final, como, por exemplo, os alimentos que estragam no campo, no transporte ou no armazenamento. E usa-se o termo “desperdício” para se referir ao alimento próprio para o consumo humano que é descartado na etapa do consumo final, como o alimento descartado no varejo (pela aparência, por exemplo, como a cor ou tamanho) ou ainda o alimento não consumido na casa do consumidor ou em restaurantes.

Tanto as perdas quanto o desperdício reduzem a disponibilidade de alimentos para o consumidor e podem, assim, contribuir para o aumento do preço dos produtos. Além disso, todo recurso natural, humano, energia e insumos utilizados para a produção e distribuição dos alimentos perdidos ou desperdiçados foram igualmente “perdidos”. Sem falar na emissão desnecessária de gases de efeito estufa e de resíduos. Segundo um artigo do Professor Walter Belik, a pegada ambiental resultante das perdas e desperdício de alimentos, calculada em cerca de 1,3 bilhão de toneladas/ano, é impactante: emissão anual de 3,3 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, utilização de 1,4 bilhão de hectares de terras agriculturáveis e gasto de 250 km³ de água doce.

É por isso que existe um esforço mundial para a redução das perdas e desperdício de alimentos (PDAs). Vale lembrar que uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (meta 12.3 do ODS 12 – “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”) é justamente: “Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita”.

Enquanto de um lado se perde e se desperdiça alimentos, de outro temos a má alimentação comprometendo a saúde e o bem-estar de uma parte importante da população mundial. Obesidade e subnutrição afetam ao mesmo tempo mais de 30% dos países de renda baixa ou média, segundo a OMS, conhecido como o “duplo fardo da desnutrição”, decorrente de um sistema alimentar que não favorece o acesso a uma alimentação saudável e segura. E são justamente as frutas, legumes e verduras que têm um papel importantíssimo para mudar esse cenário decorrente da má alimentação.

A conta poderia fechar, não é? Sobra alimento saudável de um lado, falta de outro. Mas como fazer isso? Como podemos contribuir para melhorar esse cenário? Uma parte da solução (uma parte, claro) é justamente a prevenção e redução das perdas e desperdício de alimentos frescos.

Um primeira questão, para quem estiver disposto a ajudar, é pensar em que instância você consegue atuar. No seu ambiente familiar? Na sua empresa ou no seu trabalho? No seu bairro? Na cidade onde mora?

Então vamos por partes! Vamos pensar na hierarquia para redução de resíduos alimentares no ambiente familiar.

O primeiro passo é reduzir. Reduzir para evitar as perdas e desperdício. Em sua casa, você pode reduzir a compra de um item que você desperdiça muito. Preparar refeições em menor quantidade, para que não sobre comida. Planejar as compras para não comprar o que você já tem no armário ou na geladeira. Verificar se tem produtos vencendo ou já muito maduros e consumi-los primeiro.

O segundo passo é reaproveitar o alimento que seria desperdiçado. Congelar o alimento que não será consumido no momento, fazer geleias ou compotas com frutas maduras, testar novas receitas com cascas e talos de alimentos (como de batata, banana ou laranja, existem muitas receitas de aproveitamento integral de alimentos!).

Mas mesmo com tudo isso, provavelmente vamos gerar algum resíduo alimentar. Que tal fazer uma composteira na sua casa? Existem composteiras simples, que você pode fazer usando pequenos recipientes, dentro de casa. E que pode ainda ser aproveitado para fazer uma pequena horta de temperos, por exemplo.

A Associação Prato Cheio, uma organização sem fins lucrativos, trabalha com esse tema há 21 anos. Promover o acesso à alimentação adequada por meio do combate ao desperdício de alimentos e da educação nutricional.

Nós disponibilizamos no nosso site e redes sociais (link abaixo) várias receitas de aproveitamento integral e reaproveitamento de alimentos. O principal projeto da Prato Cheio é o projeto Rota Solidária, que tem como base a coleta de alimentos frescos que perderam valor comercial, mas que mantêm suas propriedades nutricionais preservadas, e seu repasse a entidades de assistência social. No ano passado, foram doadas mais de 540 toneladas de alimentos, principalmente frutas, legumes e verduras, que beneficiaram mais de 25 mil pessoas.

Como parte da estratégia de redução do desperdício, a Associação Prato Cheio realiza mensalmente oficinas culinárias gratuitas aos cozinheiros das entidades sociais beneficiadas. O objetivo é ensinar técnicas para melhorar o aproveitamento dos alimentos e reduzir o desperdício na preparação das refeições.

E esse material educativo também está disponível para todos nos nossos canais de comunicação. Quem quiser conhecer mais sobre o nosso trabalho: www.pratocheio.org.br

E-book com 200 receitas de aproveitamento integral e alimentos: https://pratocheio.org.br/ebook/

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Sobre a autora: Nuria Chaim é gerente geral da Associação Prato Cheio e tem mais de 10 anos de experiência em projetos de segurança alimentar no terceiro setor.

Fonte: https://observatorio3setor.org.br/observatorio-em-movimento/sustentabilidade-e-meio-ambiente/perdas-e-desperdicio-de-alimentos/


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