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Parlamento Europeu recomenda redução de desperdício de alimentos

Alimentos estragados na geladeira, mantimentos vencidos na despensa e pessoas pedindo comida na rua: no mesmo mundo mais de 1/3 dos alimentos produzidos vai para o lixo e 925 milhões de pessoas (cinco vezes a população brasileira) passam fome. Como transformar esta equação e fazer com que o desperdício seja revertido em fonte de alimentos?

Pensando nisso, o Parlamento Europeu aprovou em janeiro deste ano uma recomendação aos países membros da União Europeia para que reduzam o desperdício de alimentos em 50% até 2025. Se referendada por todos os órgãos da União Europeia, a recomendação terá caráter orientador das políticas dos países membros.

Segundo a Comissão Europeia, se nenhuma medida for tomada para evitar o desperdício, ele tende a aumentar em 40% nos próximos oito anos.

Desperdício de alimentos na União Europeia
Hoje: 89 milhões de toneladas/ano (1 pessoa = 179 kg/ano).
Em 2020: 126 milhões de toneladas/ano (aumento de 40%).

Quem desperdiça?
– Famílias: 42% (dos quais 60% são evitáveis)
– Fabricantes: 39%
– Varejistas: 5%
– Fornecedores: 14%

Fonte: Parlamento Europeu – www.europarl.europa.eu

O crescimento da população e o consequente aumento da demanda por alimentos são uma realidade a ser considerada nessa análise. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) divulgou em fevereiro que a produção agrícola precisa crescer 60% para alimentar a população mundial em 2050, se o mundo seguir o padrão de consumo atual. O órgão também defende a redução do desperdício de alimentos, desde a extração de matéria-prima até o consumo.

As orientações da Comissão Europeia foram concebidas englobando toda a cadeia produtiva. O foco é encontrar formas de diminuir o desperdício em cada uma de suas fases. Produtores, distribuidores, varejistas, fornecedores e consumidores são incluídos nas propostas. Com a sua aprovação, o comércio deverá oferecer alimentos em porções e embalagens de diferentes tamanhos, pensadas para aumentar a durabilidade dos alimentos. Produtos com data de vencimento próxima deverão ser vendidos a preços menores, garantindo o escoamento da produção e a compra de alimentos por pessoas mais pobres.

Nas orientações também foram incluídas campanhas informativas sobre alternativas para a redução do desperdício. Para promover a reflexão sobre o tema, o Parlamento indicou 2014 como “O Ano Europeu contra o Desperdício de Comida”. As escolas serão incluídas em ações formadoras sobre como armazenar, cozinhar e descartar comida diminuindo o desperdício.

As instituições públicas são chamadas a agir também na implantação das recomendações: os órgãos do governo deverão privilegiar fornecedores de alimentos que comprem mantimentos de produtores locais e que direcionem restos de comida a populações pobres ou a bancos de alimentos gratuitos.

Mesmo que ainda não estejam valendo, as recomendações são inspiradoras para países em desenvolvimento, onde o desperdício de alimentos chega à metade de sua produção. No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apoia a constituição de bancos de alimentos que redistribuam comida doada. Iniciativas como o Mesa Brasil do SESC também são voltadas ao recolhimento e repasse de alimentos que seriam jogados fora. Apesar disso, o Brasil segue perdendo aproximadamente 64% do que planta ao longo da cadeia produtiva. Há muito a ser feito para reduzir o desperdício, tanto na cadeia produtiva quanto no consumo doméstico dos alimentos. Cabe ao consumidor consciente demandar soluções dos fabricantes e distribuidores e também reduzir o desperdício no consumo doméstico, seja planejando suas compras e optando por embalagens de tamanhos adequados às necessidades da família, seja no preparo dos alimentos e no seu aproveitamento integral.

Iniciativa britânica
O movimento britânico Feeding 5k é uma experiência que defende a união das duas pontas (alimentos excedentes e pessoas com fome). A partir do que chama de pirâmide do não desperdício, aponta formas para empresas evitarem desperdício e alimentarem pessoas. A proposta é reunir informações sobre como direcionar excedentes a organizações que redistribuem comida a pessoas ou ainda sobre como reaproveitar sobras não indicadas ao consumo humano na alimentação de animais no campo. Se ainda assim forem gerados resíduos, o Feeding 5k oferece informações sobre como gerenciá-los, encaminhá-los para compostagem, produção de fertilizantes ou combustíveis, evitando o envio de dejetos a aterros sanitários, nos casos em que houver outras soluções disponíveis, de menor impacto ambiental. Empresas podem aderir à campanha e pessoas físicas também podem assinar um manifesto demandando que outras corporações adotem essas medidas. Com isso, a campanha pretende pressionar o Parlamento do Reino Unido a tomar medidas contra o desperdício e de combate à fome.
Para saber mais:www.feeding5k.org 

No Brasil
Nacionalmente, as ações são em geral direcionadas ao recolhimento de alimentos de grandes produtores, comerciantes, varejistas e fornecedores. Incluir pessoas, cidadãos comuns, nesse processo pode transformar a cadeia de produção e de consumo de alimentos de forma a mobilizar a população para o consumo consciente de alimentos, reduzir o desperdício e seguir contribuindo para o combate à fome.

Banco de Alimentos
O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome apoia a criação de bancos de alimentos no país, seja por órgãos públicos, pela iniciativa privada ou pela própria sociedade. Os bancos recebem doação de alimentos considerados impróprios para a comercialização, mas adequados ao consumo. O conteúdo arrecadado é repassado a instituições da sociedade civil sem fins lucrativos que produzem e distribuem refeições gratuitamente a pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar. Muitas Centrais de Abastecimento (CEASAS) espalhadas pelo país fazem parte do projeto.
Para saber mais: www.mds.gov.br/segurancaalimentar/equipamentos/bancosdealimentos 

Mesa Brasil SESC
O Mesa Brasil do SESC é uma rede nacional de banco de alimentos que recebe doações de alimentos e serviços de indústrias de alimentos, centrais de distribuição, supermercados, armazéns, redes varejistas, associações de produtores rurais e as repassa a quem precisa. Com foco no combate à fome e ao desperdício, são coletados alimentos excedentes ou fora de padrões de consumo, mas que ainda pode ser consumidos. Os beneficiários do Mesa Brasil são pessoas em situação de vulnerabilidade social e nutricional, atendidas assistidas por entidades sociais.
Para saber mais: www.sesc.com.br/mesabrasil

Fonte: Instituto Akatu

Se aprovada, a meta de redução de 50% deve ser atingida até 2025; indicações aos países-membro são inspiradoras para políticas no Brasil

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