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Foto: Ronca para Cartágo

Chef João Diamante dá dicas para evitar o desperdício de alimentos em casa

Tratar o lar como se fosse um negócio, ir atrás de compras comunitárias ou mesmo escolher certos horários da feira: tudo pode ter um impacto positivo, segundo o especialista

por Leonardo Ávila Teixeira, via GQ

João Diamante (Foto: Roncca para Cártago)
João Diamante (Foto: Roncca para Cártago)

931 milhões de toneladas de alimentos acabam desperdiçados todo ano. Número chocante, mas há ainda outra informação importante sobre esse dado: não são empresas nem restaurantes, mas domicílos os principais contribuintes desse fenômeno. Lares respondem a 11% desse descarte na etapa do consumo, segundo reporta estudo conduzido pelo Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma). Entre os principais motivos está a falta de informação.

Conhecimento, portanto, é uma ferramenta e tanto para diminuir o problema – cuja dimensão aumenta no contexto de avanço da fome no Brasil. Para tanto, recrutamos o chef João Diamante, fundador do projeto social DIamantes na Cozinha e ativista pela alimentação sustentável, para propor dicas práticas no dia a dia que combatam o desperdício.

Faça o controle do que compra e o que consome

A boa e velha lista de compras é aliada para evitar o descrte desnecessário em um momento fundamental: a compra do supermercado. “A grande maioria da população é voltada para a compra mensal”, comenta o chef. “Seria perfeito sempre ter estoque em casa, mas a gente não consegue: a maioria trabalha 8, 12 horas pro dia, tem tarefas da casa e o brasileiro, ele mora em um bairro e trabalha em cinco bairros de distância”, conclui. Portanto, ter uma lista de compras e um calendário organizado é importante para entender seu ciclo mensal de consumo, compreender o que tem no seu prato todo dia e evitar as tentações de uma promoção. Até porque comprar barato nem sempre é sustentável – ecológica e economicamente. O caso do feijão por exemplo: para João é essencial ficar de olho “no tempo que ele demora a cozinhar, o quanto ele rende”. “Não vale a pena gastar pouco se você aumenta o tempo gasto de energia, de luz”, conclui.

Além disso, vale ficar atento ao ciclo natural. “É bom você ter um calendário de estações, da sazonalidade dos alimentos, pois na época certa eles estarão melhores nutricionalmente, melhores em aspecto, e também em preço – pois tem demanda e tem volume”, prossegue o especialista. “Sua casa é um negócio, isso é como se fosse um investimento”, brinca.

Não pense apenas no agora

“Aqui em casa, a gente fez um arroz hoje, simples. Amanhã sobrou alguma coisa? Aí a gente reusa o arroz com ele.” O exemplo de João Diamante ajuda a ilustrar um lugar comum quando o assunto é cuidado da casa: congele e reaproveite alimentos sempre que possível. E se der para fazer de uma só vez o arroz e feijão que você vai consumir para o resto da semana, vá em frente: é menos gás desperdiçado. Se você tem dúvidas a respeito de como preservar bem os alimentos, reunimos dicas para tê-los sempre em mãos.

Na hora da feira, olho no horário

O chef também sugere aproveitar a hora da xepa na feira da semana. Primeiro por uma questão financeira. “Você tem essa hortaliça por um real, um real e 50 centavos, mas quando chega no fim da feira, já consegue comprar cinco delas por dois reais e daí fazer uma feira por 20, 25 reais, muito bem”, comenta João. Mas também tem a ver com aproveitar ao máximo o ciclo do alimento, considerando também aqueles legumes, frutas e hortaliças que, apesar de um machucadinho ou outro, ainda estão aptos para o consumo. A depender do produto, feridas em 10 ou 20% de sua superfície significa que ainda é possível aproveitá-lo integralmente, mas daí vale fazer uma avaliação sensorial. “Ver se a texura está firme ainda, se não está com aquele cheiro de podre”, resume.  https://a14860c55e7abbcab29f0c5dba2f845b.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Evite levar cascas ao lixo

“Vejo pessoas descancando chuchu, beterraba, mas tem muitos alimentos que basta lavar bem ou levar ao fogo acima de 100 graus, que você vai matar as bactérias”, conta João. É o caso da batata, abobrinha, cenoura, berinjela, maçã e kiwi, por exemplo – e não raro, essa cobertura natural acaba sendo fonte preciosa de fibras e nutrientes. Mesmo que cascas não sejam sua praia, elas ainda podem servir bem ao lar como material para composteiras, sem precisarem ir ao lixo. Se você tem interesse pelo assunto, por sinal, vale ficar de olho em nosso guia de compostagem.

Procure se informar sobre grupos de compras coletivas

Para o chef, comunidades de compras coletivas – organizados por vizinhos ou condomínios a partir de grupos em redes sociais – são tendência. Elas podem fazer bem ao bolso, evitar desperdícios e permitir acesso a itens mais caros ou de mais difícil acesso, como os orgânicos. O grupo Comida da Gente, do Rio de Janeiro, é um exemplo de plataforma dedicada ao tema, além de oferecer dicas para quem quer começar seus próprios grupos.

Matéria Original: https://gq.globo.com/um-so-planeta/noticia/2021/06/chef-joao-diamante-da-dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-alimentos-em-casa.html


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