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Foto: © G. Miranda /FUNAI /Survival

Os povos indígenas e a COP26: na luta contra a crise climática

por Survival International, extraído do Blog Racismo Ambiental

Os povos indígenas são parte central e fundamental na luta contra a crise climática. Eles protegem 80% da biodiversidade do planeta em suas terras e sua sabedoria sobre o meio ambiente do qual todos dependemos é único. Em todo o mundo, eles estão colocando suas vidas em risco para acabar com a destruição ambiental: seja apagando incêndios em partes da Amazônia ou protestando contra a exploração de carvão na Índia.

Abaixo estão três casos que destacamos pois infelizmente não recebem a atenção que deveriam. A Survival tem trabalhado juntos desses, e de muitos outros povos indígenas, para garantir sua sobrevivência e a proteção de suas terras.

A destruição da Amazônia e o genocídio de povos indígenas isolados

As florestas pertencentes e controladas por povos indígenas e comunidades locais contêm cerca de 37,7 bilhões de toneladas de carbono, 29 vezes mais do que as emissões anuais dos veículos de passageiros de todo o mundo.

À medida que o presidente Bolsonaro tenta destruir as regulamentações ambientais e levar adiante seu plano de abrir territórios indígenas à mineração, exploração madeireira e pecuária, os povos indígenas isolados estão particularmente ameaçados. Só entre março e maio de 2020, o governo aprovou 195 atos executivos, entre portarias, decretos e outras medidas, com o objetivo de desmantelar direta ou indiretamente as leis ambientais.

Esse avanço drástico da destruição e do projeto genocida do governo Bolsonaro impacta diretamente povos indígenas isolados cujos territórios ainda não estão demarcados. O caso mais flagrante são aqueles territórios sob portarias de restrição de uso: um regulamento que possui prazo de validade e precisa ser renovado periodicamente.

Atualmente, existem sete territórios sob restrições de uso. Quatro deles estão prestes a expirar: as das terras indígenas Jacareúba/Katawixi (AM) e Pirititi (RR) expiram ainda este ano e as das terras Ituna Itatá (PA) e Piripkura (MT) expiram no início de 2022.

Sem as restrições de uso, vários povos indígenas isolados que vivem nesses territórios podem ser exterminados e uma área de cerca de 1 milhão de hectares de floresta amazônica pode ser completamente destruída.

O destino da Amazônia está no centro das atenções durante a COP. Esses e outros casos semelhantes ilustram como os povos indígenas e as lutas para proteger seus territórios determinarão o futuro da floresta. A Survival tem contatos e um amplo conhecimento desses e de muitos outros casos, junto com uma grande quantidade de materiais. Envie um e-mail para comunicacao@survivalinternational.org ou envie uma mensagem de Whatsapp para +44 7951 977789 para obter mais informações.

Paraguai: povo indígena isolado Ayoreo corre grande perigo

Indígenas do povo Ayoreo-Totobiegosode do Chaco paraguaio, que vivem em uma floresta com uma das maiores taxas de desmatamento do mundo, apelaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos para salvá-la da destruição completa. Seus parentes isolados estão fugindo de um ponto a outro da pequena ilha de floresta remanescente, buscando refúgio das escavadeiras que estão avançando sob suas terras.

Embora a maioria dos Ayoreo-Totobiegosode tenham sido contatados à força por missionários evangélicos americanos nas décadas passadas, um número desconhecido de indígenas isolados permanece vivendo na floresta que está em risco de ser completamente destruída.

Porai Picanerai, líder Ayoreo-Totobiegosode, que foi contatado à força em 1986 pela Missão Novas Tribos, disse recentemente: “Meus parentes [isolados] que vivem na floresta estão sofrendo muito e estão em perigo porque eles quase não têm espaço para se mover e para viver. Há muitos invasores ocupando nossas terras e queimando a floresta para produzir carne”.

A situação dos Ayoreo-Totobiegosode isolados é crítica. A garantia da sobrevivência dos últimos indígenas isolados do Paraguai também ajudará o país a combater o desmatamento descontrolado. Por mais de 25 anos, a Survival tem feito campanha pela proteção das terras dos Ayoreo isolados. Envie um e-mail para comunicacao@survivalinternational.org ou envie uma mensagem de Whatsapp para +44 7951 977789 para obter mais informações.

A luta contra a exploração de carvão na Índia

A necessidade urgente de todos os países reduzirem suas emissões de CO2 está no topo da agenda da COP26, o que torna uma luta que está acontecendo na Índia ainda mais surpreendente.

Como parte do esforço do primeiro-ministro, Narendra Modi, para tornar a Índia autossuficiente em energia, empresas de mineração estatais e privadas estão buscando uma expansão sem precedentes da mineração de carvão nas florestas dos povos Adivasis (indígenas) do cinturão central da Índia. A escala da exploração é impressionante:

  • 55 novas minas de carvão estão planejadas;
  • 193 minas já existentes poderão ser expandidas;
  • o crescimento da produção de carvão deve alcançar 1 bilhão de toneladas ao ano.

Na floresta de Hasdeo, no estado de Chhattisgarh, uma das maiores áreas intactas de floresta do país, pelo menos 10.000 indígenas dos povos Gond, Oraon e outros estão organizando uma resistência extrema para salvar suas terras, seus meios de subsistência e sua floresta sagrada. Uma vasta mina a céu aberto, PEKB, já foi construída em terras Adivasis. Em breve, a construção pode começar em outra mina, Parsa. Centenas de Adivasis marcharam 300 km até a capital do estado para protestar.

Em toda a Índia, muitos Adivasis foram presos, perseguidos e até assassinados por protestarem contra a mineração.

O caso resume perfeitamente as contradições entre a retórica pública dos governos sobre as mudanças climáticas e o que está acontecendo de fato. Pesquisadores da campanha da Survival na Índia conhecem o problema em profundidade e estão disponíveis para entrevistas. Também temos contatos in loco, além de fotos, vídeos e testemunhos. Envie um e-mail para comunicacao@survivalinternational.org ou envie uma mensagem de Whatsapp para +44 7951 977789 para obter mais informações.

Foto: © G. Miranda /FUNAI /Survival


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