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Carvão vegetal e outras formas de carbono negro não ficam, como se pensava anteriormente, onde estão enterradas: elas migram para os oceanos e recirculam o carbono que contêm

Carbono negro flui do solo para os mares

Cientistas climáticos podem ter que repensar algumas de suas antigas suposições sobre o carbono. Pesquisadores norte-americanos e europeus descobriram que o carbono negro – resultante por exemplo dos  incêndios florestais – não fica no solo indefinidamente.

Cerca de 27 milhões de toneladas do material são dissolvidas na água e levadas pelos rios para os oceanos a cada ano.

O carbono negro, ou biochar, foi saudado como uma possível forma de limitar as emissões de gases do efeito estufa, por tirar o carbono de circulação. Mas esse estudo, publicado no periódico Science, “fecha uma lacuna importante sobre o carvão vegetal e fornece informações essenciais no contexto da geoengenharia”.

Incêndios de florestas, arbustos e turfas produzem algo entre 40 e 250 milhões de toneladas de carbono negro a cada ano. Se a queima fosse completa, isso se tornaria dióxido de carbono, voltando para a atmosfera.

Então, os pesquisadores consideravam o biochar armazenado no solo – onde ele aumenta a fertilidade – como carbono fora de circulação por milhões de anos. Mas análises da água dos dez maiores rios do mundo – entre eles o Amazonas, o Yangtsé e o Congo  – mostrou uma história diferente.

“Cada amostra tinha uma quantia significativa de carbono negro”, disse Anssi Vähätalo, da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia. “Em média, a quantidade de carbono negro era 10% da quantia de carbono orgânico dissolvido.”

“Os resultados provam que a proporção de carbono solúvel em água pode ser de até 40% de carbono negro anualmente.”

Os rios analisados têm um terço da água que vai para os oceanos, e uma área de influência que abrange 28% da área terrestre do planeta.

Mais CO2 liberado

A pesquisa é mais um passo no longo e complicado esforço internacional para entender como o mundo funciona: como as matérias-primas da vida são consumidas, exploradas e recicladas, e por que as emissões de gases do efeito estufa estão aumentando.

A queima de combustíveis fósseis manda de volta para a atmosfera o dióxido de carbono – e o calor – sequestrado no Período Carbonífero e armazenado por 300 milhões de anos.

Incêndios em florestas, nesse sentido, são neutros em carbono, ou mesmo negativos em carbono, já que grande parte do carbono não é queimada e é armazenada como cinza, fuligem ou carvão.

Alguns ambientalistas argumentam que um uso maior do biochar poderia desacelerar e talvez, em última análise, reduzir o aquecimento global por retirar o carbono de circulação. Mas a conta pode não ser tão simples.

“A maioria dos cientistas pensava que o carvão vegetal era resistente. Eles pensavam que uma vez que ele fosse incorporado nos solos, ficaria ali”, afirmou Rudolf Jaffé, da Universidade da Flórida.

“Quando o carvão vegetal se forma ele normalmente fica depositado no solo. De uma perspectiva química, ninguém realmente pensava que ele se dissolvesse, mas ele o faz.”

“Ele não se acumula, como acreditamos por um bom tempo. Pelo contrário, ele é transportado para áreas úmidas e rios, eventualmente indo para os oceanos.”

Traduzido por Jéssica Lipinski
Leia o original no Climate News Network

Crédito Imagem: Juliancolton / Climate News Network

Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Carvão vegetal e outras formas de carbono negro não ficam, como se pensava anteriormente, onde estão enterradas: elas migram para os oceanos e recirculam o carbono que contêm
Carvão vegetal e outras formas de carbono negro não ficam, como se pensava anteriormente, onde estão enterradas: elas migram para os oceanos e recirculam o carbono que contêm

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