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Revelado no Salão de Detroit, em janeiro, o novo Ford Fusion usa retalhos de calça jeans

Um dia seu carro será feito de jeans e dólar

Motores elétricos ou eficientes no consumo de combustível, aos poucos, estão deixando de ser sinônimo do comprometimento dos fabricantes de carro com asustentabilidade.  Para alguns, é hora de ir além. Preocupada com sua imagem ecológica e também com a alta do petróleo no mercado, a Ford vem investindo na pesquisa e desenvolvimento de materiais “verdes” inusitados para substituir o plástico e outros derivados do óleo na produção de peças automotivas.

A lista inclui cana-de-açúcar, milho, fibra de côco, dente-de leão – aquela flor branca que se desfaz ao vento com um pequeno sopro –, até jeans e notas de papel moeda reciclados. Revelado no Salão de Detroit, em janeiro, o novo Ford Fusion, primeiro sedã disponível nas versões a gasolina, híbrida e plug-in, usa retalhos de duas calças jeans transformadas em material isolante para reduzir os ruídos da pista, do motor e do vento.

Tão ou mais curiosa, a ideia de usar dinheiroreciclado, embora um pouco distante de se tornar realidade logo, não deixa de ser promissora. Segundo a companhia, cerca de 4,5 toneladas de papel moeda são retirados de circulação nos Estados Unidosdiariamente. Boa parte dessa montanha de dólares velhos vai parar em aterros ou é incinerada.

Reunidos no Biolaboratório da Ford, no estado americano de Michigan, uma equipe de pesquisadores estuda formas de transformar esse dinheiro em produtos que possam ser utilizados na confecção de estofado, isolamento e outros componentes do carro.

Espuma de soja e PET reciclado contra a alta do petróleo

De lá saíram algumas soluções verdes, hoje, amplamente utilizadas pela Ford. Exemplo? O seu carro (se for da marca) possui até 7 kg de PET reciclado na forma de carpete, forro de teto e mantas de proteção acústica – assim como todos os demais quatro-rodas da montadora na América do Sul.

Já os veículos produzidos na América do Norte têm bancos com estofado feito de espuma à base de soja. E não para aí. Disponível no mercado americano, o modelo Focus Electric vem com fibra de madeira nas portas e o forro dos bancos leva garrafas plásticas recicladas, enquanto o crossover Ford Flex usa palha de trigo nos porta-objetos.

Quanto maior o leque de invencionices sustentáveis, melhor. Afinal, a meta da Ford é conseguir encontrar novos materiais de alta qualidade e em volume suficiente para substituir os 136 kg de plásticos que a empresa usa, em média, na produção de um único veículo. A estratégia, diz a montadora, é boa para o planeta e paro o seu próprio bolso.

“A Ford tem uma longa história no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, porque é a coisa certa a fazer do ponto de vista ambiental”, diz John Viera, diretor global de Sustentabilidade da emrpesa. “Agora, com o aumento crescente do preço do petróleo e dos materiais tradicionais, encontrar fontes alternativas tornou-se imperativo”, ressalta o executivo.

Há motivos para se preocupar. Quando a Fordcomeçou a pesquisa de materiais – então considerados “fantásticos” – nos anos 2000, o petróleo existia em abundância, era de fácil acesso e relativamente barato, com o barril custando US$16,65. Algo bem longe do cenário atual, quando o preço às vezes passa dos US$105.

Uma história antiga

Foi justamente com o objetivo de encontrar uma maneira de reduzir o consumo de petróleo em componentes que normalmente requerem plástico que a Ford começou a olhar com interesse a possibilidade de usar materiais reciclados, isso a dez anos atrás. Mas a história de envolvimento da empresa com tecnologias alternativas remonta à década de 40, quando Henry Ford apresentou o protótipo Soybean Car.

O “Carro de soja” tinha carroceria feita de composto de plástico com fibra de soja, sisal, cânhamo e palha de trigo e, garantia o empresário, era quase meia tonelada mais leve que o modelo tradicional de aço estampado. A resistência era outra característica alardeada – dez vezes mais forte -, e para provar o que dizia, durante a apresentação do carro, Henry Ford deu umas boas marretadas na sua criação.

Seis décadas depois, a Ford desenvolveu a espuma de soja, que hoje está presente em mais de 3 milhões de veículos no mundo, no estofado e no encosto do banco. Ao optar por essa solução alternativa, a montadora deixou de usar anualmente 1,8 mil toneladas de materiais derivados do petróleo além de evitar a emissão de 9,1 mil toneladas de dióxido de carbono.

Mais recentemente, os pesquisadores da Ford entraram com pedido de patente para borracha à base de óleo de soja, que poderá ser aplicada em componentes como placas defletoras de radiador, carpete e porta-copos.

Fonte: Exame.com
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