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Especial – Indústria japonesa retoma ritmo anterior ao terremoto

Atividade do setor está no mesmo nível de 2010; agricultura e pesca ainda não se recuperaram

A indústria japonesa foi duramente atingida pelo terremoto e pelo tsunami de março do ano passado, mas já retomou o ritmo de produção, conforme indicam dados oficiais.

O atual nível de atividade manufatureira e de mineração é comparável ao de 2010, um ano antes do terremoto. No entanto, ainda não atingiu o pico de 2011, verificado em fevereiro, um mês antes do desastre (veja gráfico ao final deste texto).

A recuperação das instalações físicas tem sido rápida; mais difícil será contornar a crise econômica na qual o país está mergulhado desde os anos 1990, avalia Alexandre Uehara, diretor acadêmico das Faculdades Integradas Rio Branco.

Os segmentos mais atingidos foram os de fabricação de peças e componentes para veículos e produtos eletroeletrônicos, segundo Uehara. Ele lembra que isso prejudicou a Toyota e a Honda, que ficaram sem fornecedores. Esse problema atingiu inclusive outros países asiáticos, como Coreia do Sul e China, onde há empresas que também dependiam do fornecimento de peças vinda das regiões atingidas.

As exportações de microcontroladores, um componente chave para a fabricação de automóveis, caíram 12% em março, 28% em abril e 39% em maio. “O ritmo de retração piorava mês a mês”, afirmou um relatório da Jetro, órgão do governo japonês que promove exportações.

O PIB (produto interno bruto) do Japão teve uma queda de 6,8% em taxa anualizada no trimestre em que ocorreram os desastre naturais. Nos três meses seguintes, a economia continuou encolhendo, registrando recuo de 1,5%.

Segundo especialistas, é difícil saber até que ponto essas quedas foram influenciadas pelo terremoto, pois a economia japonesa já estava em crise.

O economista Daniel Motta, do Insper (antigo Ibmec-SP), observa que as famílias reduziram o consumo e as empresas diminuíram os investimentos. “As pessoas ficam com medo do futuro e tendem a gastar menos”, afirma.

Radioatividade

O receio de contaminação radioativa nos alimentos, “nem sempre justificado”, segundo Uehara, também prejudicou a economia japonesa. Após a destruição de parte da usina de Fukushima, os Estados Unidos suspenderam a importação de folhas de chá, legumes, verduras, leite, cogumelo e outros produtos.

A Jetro relata que a União Europeia passou a exigir um certificado de inspeção de radioatividade para todos os alimentos produzidos no Japão. Além disso, China e Taiwan, logo após a tragédia, barraram a importação de qualquer gênero alimentício vindo do Japão.

A consequência foi uma queda de mais de 20% em abril e maio nas exportações de produtos agrícolas, peixes e frutos do mar japoneses, segundo o Ministério das Finanças do país.

De acordo com o governo, os únicos setores da economia que ainda não se recuperaram da terremoto foram a agricultura e a pesca.

Sílvio Guedes Crespo, de Economia & Negócios

Fonte: Estadão

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