Aquele aguaceiro que cai do telhado em dias de tempestade merece um destino mais nobre do que causar enchentes ou simplesmente escoar pelas galerias de esgoto. “O reúso da chuva é um investimento. Entre 35 e 50% da nossa demanda de água destina-se a fins não potáveis, e um projeto doméstico de coleta pluvial atende a esse índice”, explica Jack M. Sickermann, representante da Acquasave, de Florianópolis. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou uma regra para tornar o processo mais seguro: só se pode reaproveitar a água captada em coberturas, nunca a proveniente de pisos. Bebê-la ou usá-la no banho está fora de cogitação. “Tecnicamente, até dá para transformá-la em potável, mas o processo custa caro. Por isso, o uso mais comum se dá em descargas, rega de jardins, lavagem de carros e calçadas e até para completar a piscina, que será tratada com cloro”, orienta Jack. Os equipamentos de reúso adaptam-se às calhas e aos condutores já existentes na construção. Mas é importante lembrar que essa água nunca deve se misturar àquela fornecida pela rede pública, que é potável. Ela requer reservatório e encanamento próprios, como você verá a seguir.
POR ONDE COMEÇAR
Antes de investir num sistema de reúso da água de chuva, encomende um diagnóstico a uma empresa idônea. O ideal é que esse planejamento conste do projeto de construção ou reforma da casa ou do edifício. Para isso, levam-se em conta desde a área da cobertura até o índice pluviométrico da região, sem deixar de lado um bom estudo da conta de água do imóvel. “Dependendo do gasto médio, em dois anos já se registra o retorno do investimento”, calcula Diogo Almeida, engenheiro da Sharewater, empresa de São Paulo que faz projetos para todo o Brasil. Tanto casas quanto prédios já construídos aceitam sistemas de reaproveitamento (em condomínios, rateia-se o custo do projeto e dos equipamentos). Às vezes é necessário mexer no telhado e nas instalações hidráulicas (para usar a água em descargas). Além disso, o sistema requer espaço para a instalação da cisterna subterrânea ou sobre o solo.
Quanto ao preço, em média, uma proposta básica com cisterna pequena sobre o piso começa em R$ 7 mil. As mais elaboradas chegam a R$ 15 mil. A boa notícia é que tudo isso aceita a implantação em etapas, o que dilui os gastos. Algumas empresas vendem kits prontos (veja dois exemplos abaixo), que incluem filtros, bomba, cisterna e orientação na hora de colocar tudo para funcionar. Os mais simples pedem apenas um dia para a instalação. Observe se o filtro oferecido é o de duas etapas ¿ além de folhas e da sujeira graúda, ele deve dispensar também os primeiros 2 ou 3 mm de água de chuva, medida que serve para limpar a impurezas acumuladas no telhado. Se você optar por um reservatório sobre o piso, que interfere na aparência da construção, encomende um nicho de alvenaria para disfarçá-lo. Todo esse esforço valerá a pena: “Ainda não temos uma referência em porcentagem, mas notamos que o imóvel se valoriza quando conta com o sistema”, finaliza Diogo.
RAIO X DA COLETA DE CHUVA
Planejado durante a construção ou a reforma, o sistema instalado por empresas especializadas complementa o fornecimento da rede pública, mas exige reservatório e encanamento próprios
FLORIANÓPOLIS
Acquasave – tel. (48) 3238-0024.
FREDERICO WESTPHALEN, RS
Bakof – tel. (55) 3744-3232.
PORTO ALEGRE
Harvesting – tel. (51) 3748-4277.
SÃO PAULO
AquaStock – tel. (11) 3815-4814.
SERRA, ES
Fortlev – tel. (27) 2121-6700.
Fonte: Planeta Sustentável

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