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Seca no centro-sul do país influenciou chuvas em Santa Catarina, diz professor do IAG-USP

Fogo atinge a Floresta Nacional de Brasília. As temperaturas altas e o clima seco têm provocado os incêndios na mata. Foto : Eraldo Peres/Ap

Os cenários climáticos à primeira vista tão contrastantes de incêndios e clima seco em Estados do Centro-Oeste e Sudeste do país e de chuvas e alagamentos em Santa Catarina, na região Sul, estão diretamente relacionados. Segundo avaliação do professor de Augusto Pereira Filho, meteorologista e pesquisador do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo), boa parte da umidade dos Estados que registram seca foi deslocada justamente para a porção mais baixa do país –onde, tradicionalmente, o clima já tende a mais chuvas no período de inverno.

No Distrito Federal, por exemplo, índices de umidade relativa do ar muito abaixo dos 30% contribuem para o incêndio que já destruiu mais de 70% da Floresta Nacional de Brasília, às margens da rodovia BR-070. Já o excesso de chuvas em SC, por outro lado, afetou cerca de um milhão de pessoas no Estado.

De acordo com Pereira Filho, o fenômeno de seca e excesso de chuvas não é exatamente uma novidade, tendo em vista que já foi registrado em 2010.

“O que a atmosfera faz é transferir calor e umidade –aliás, o ano todo, mas agora muito mais intensamente– das latitudes mais baixas para as mais altas; das regiões tropicais para as polares. Assim, as umidades relativas muito baixas se devem a essa troca de calor e de umidade das regiões de latitudes mais baixas, como Norte e Centro-Oeste, com as de latitudes mais altas, como as polares [Estados na região Sul]”, explicou Pereira Filho.

Tendências climáticas

Segundo o estudioso, a meteorologia prevê uma tendência de desenvolvimento do fenômeno La Niña no país, com o resfriamento das águas sobre o Pacífico, o que pode implicar em mais chuva para a região Norte e menos chuva para o Sul nos próximos meses.

“A tendência é de as chuvas ficarem acima do normal no centro da Amazônia e também na região leste do Sudeste, e abaixo do normal no oeste do RS, SC e PR. Já o mais provável para as temperaturas é de que fiquem abaixo do esperado nesse trimestre sobre o Sul e Sudeste do Brasil, próximas do normal no Norte e Nordeste e um pouco acima em Estados como Ceará e Rio Grande do Norte”, disse.

Pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a diretora e pesquisadora do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas em Agricultura), Ana Ávila, reforçou que o período de chuvas no Sul do país tende a arrefecer ainda este mês.

“Esse é o clima da região [Sul]. No inverno, que lá é chuvoso, as frentes frias normalmente vêm mais intensas. Além disso, as áreas que inundaram ficam próximas do litoral –as chuvas facilmente se concentram no litoral, em regiões de montanha. Portanto, o fator geográfico também conta”, aponta a pesquisadora.

Índices de umidade do ar

De 60% a 30% Observação
De 30% a 20% Estado de atenção
De 19% a 12% Estado de alerta
Abaixo de 12% Emergência

Umidade relativa baixa

Em levantamento publicado nessa segunda-feira (12), o instituto de meteorologia Somar apontou que, em todo o Brasil, há 220 municípios que em situação de emergência, estado de alerta ou de atenção por conta da umidade relativa do ar abaixo de 30%.

Conforme o estudo, a situação até ontem era considerada mais crítica em cidades em situação de emergência como Barreiras (BA), Paranã (TO) e Porto Murtinho (MS), onde a umidade relativa do ar estava em 8%, além de Brasília, também em emergência, com índice em 12%.

Outras capitais também duramente atingidas pelo clima seco são Goiânia (GO), com 13% de umidade e estado de alerta, assim como Palma (TO), com 14%, Campo Grande (MS), com 19%, e Porto Alegre (RS), com 27% em estado de atenção.

Fonte : Janaina Garcia
UOL NOTÍCIAS_Em São Paulo


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