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Rumo à Rio+20

A Copa-2014, em doze capitais, e as Olimpíadas-2016, no Rio de Janeiro, atraem mais holofotes. Mas apenas um ano nos separa de um evento internacional que, realizado em solo brasileiro, terá desdobramentos internacionais muito mais profundos – para bem ou para mal.

Entre 4 e 6 de junho de 2012, a Cidade Maravilhosa acolherá a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20. Convocada duas décadas após a ECO-92 – um divisor de águas nas relações internacionais envolvendo ambiente e desenvolvimento –, a Rio+20 vai se materializar em duas mega-atividades. O elegante Porto Maravilha, resultado da revitalização dos antigos armazéns do cais carioca, hospedará a conferência oficial. Receberá os donos do poder e as luzes da mídia.

Serão protagonistas chefes de Estado, ministros, embaixadores, personalidades. Todos os países-membros da ONU enviarão delegações. O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral do Itamaraty (ler entrevista às páginas x a y), imagina que poderá vir a ser “a maior conferência da história”. A poucos quilômetros dali, estará a multidão. Os jardins que Burle Marx desenhou no Aterro do Flamengo abrigarão um evento paralelo, organizado por coalizões da sociedade civil e denominado Cúpula dos Povos. Terá a cara dos Fóruns Sociais Mundiais (FSMs).

Reunirá dezenas de milhares de pessoas: chegarão de todas as partes do mundo, compondo uma babel fervilhante de idiomas, etnias, desejos. Estão envolvidas em múltiplos projetos de transformação social e nutrem distintos graus de oposição às políticas de quase todos os governos. As relações entre os dois universos são difíceis. Em mais de uma ocasião, governos que sediavam reuniões da ONU, da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou do FMI receberam a sociedade civil com gás-pimenta e cassetetes. Em outras, dão-lhe assento cosmético na tomada de decisões.

Em contrapartida, governantes queixam-se de que encontros como os FSMs limitam-se a formular críticas genéricas – ignorando correlações de forças e se recusando a apresentar alternativas concretas às políticas que condenam. Os dois mundos acalentam, além disso, expectativas muito distintas em relação à Rio+20, como se verá. E no entanto, um cenário muito particular está se desenhando para a conferência. Ela oferece oportunidade rara de enfrentar as grandes crises planetárias que se tornaram evidentes há alguns anos: a ambiental; a alimentar e de desigualdade; a econômica; e a da governança da globalização.

As expectativas criadas poderão resultar num decisivo passo adiante – ou em grande frustração. Mas a hipótese favorável só será alcançada se as diferenças entre o mundo do poder e o das sociedades civis gerarem uma espécie de tensão produtiva.

Por: Antônio Martins

 

 


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