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Foto: Patricia Patriota / Local: 107 N. Brasília, DF

Para especialistas, economia verde é decisão política

Mais que mudança de práticas econômicas, é preciso mudança de comportamento para se alcançar uma economia sustentável. Essa foi a posição dos especialistas ouvidos em audiência pública realizada pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 nesta quinta-feira (7), com o tema “Economia Verde“. A audiência, presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), discutiu, entre outros temas, a imposição de alternativas energéticas e a necessária responsabilidade política diante da escassez de recursos.

Elisa Tonda, representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, tratou da definição de “economia verde”: no ponto de vista da especialista, o termo deve ser entendido a partir de critérios como baixa emissão de carbono, uso eficiente de recursos e economia sustentável.

Ela defendeu um investimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para estimular a transição para um modelo econômico limpo, considerando que a decisão é eminentemente política. Foi mencionado o exemplo de Barbados, onde o chefe de governo tomou a decisão de transformar a economia do país numa economia verde, focando nos setores de turismo, agricultura e construção.

Maria Amélia Enríquez, da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (Ecoeco), mostrou preocupação com o aumento da pressão sobre os recursos naturais causado pelo crescimento demográfico e pelo maior acesso das populações de países emergentes ao mercado de consumo.

Reiterando a importância do investimento de 2% do PIB, afirmou que esses recursos, se aplicados em novas tecnologias ecológicas, permitiriam um crescimento superior ao da chamada “economia marrom”.

Maria Amélia defendeu uma justiça distributiva, que não é viabilizada pela economia tradicional, e uma orientação política rumo a uma economia verde. Em sua opinião, fatos como o apagão de 2001, que acostumaram a população a economizar energia elétrica, mostram que é possível mudar os padrões de consumo. Ela também destacou a importância da mídia nesse processo.

Donald Sawyer, professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), lamentou que “desenvolvimento sustentável” seja um termo “usado e abusado”, mas sublinhou que o sentido da expressão continua sendo útil.

Em sua opinião, falta respaldo para a economia verde, o que pode levar à falta de consenso nas conferências internacionais. Para Sawyer, que criticou o greenwashing (afetação de práticas ambientalmente corretas para fins de marketing), a economia verde não pode ser pontual e empresarial, mas pública, “no sentido amplo do termo”.

A ex-senadora Serys Slhessarenko, embaixadora do Brasil para a Rio+20, que acompanhou a reunião, lembrou que o Brasil tem sido convidado muitas vezes a cúpulas internacionais desde o início da crise de 2008 e assinalou que a erradicação da pobreza é sempre um ponto essencial nas discussões ambientais.

A conferência Rio+20, que acontecerá em junho de 2012, vai retomar, duas décadas mais tarde, os debates da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro (Rio 92).

Foto: Patricia Patriota
Foto: Patricia Patriota

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