PET: Por que ela virou a grande vilã do Meio Ambiente?
Foi no Rio, mas poderia ter sido em São Paulo, Recife, Porto Alegre. Depois de uma forte tempestade na semana passada, vários pontos da cidade exibiam um aspecto sombrio da vida moderna: o lixo das garrafas plásticas descartáveis. Elas estavam por toda parte. Emporcalharam praias e mangues, entupiram bueiros, provocaram inundações. Enquanto isso, em um supermercado na cidade, dezenas de cariocas experimentavam uma das melhores novidades no combate ao problema: uma máquina que recebe e tritura as garrafas para a reciclagem, e dá, em troca, vale compras de R$ 0,01 por unidade. Ou seja: elimina o lixo e ainda paga por isso, graças a uma parceria entre a rede de supermercados Extra, a fabricante de bebidas Ambev e a empresa de reciclagem Latasa.
O modelo, instalado no Rio no início de junho, já existe em São Paulo desde janeiro e, em breve. Será implantado em outras cidades. Na capital paulista, em cinco meses, 40 máquinas recolheram 1,5 milhão de garrafas plásticas. Mas ainda é muito pouco em relação à quantidade que vai para o lixo.
Só no ano passado, foram vendidos no Brasil 5,7 bilhões de refrigerantes em embalagens PET, como são chamadas essas garrafas, o equivalente a 33 unidades por brasileiro. No mesmo período, apenas 1,5 bilhão de vasilhames vazios passaram por algum processo de reciclagem. Fazendo as contas, constata-se que, em 2000, cada brasileiro jogou por aí, em aterros sanitários ou simplesmente por aí, 24 garrafas plásticas como as que a natureza cuspiu de volta no Rio, na semana passada.

* FONTE: Revista TUDO (que eu quero) – edição 23 – 8/julho/2001 – pág. 46
Cadernos, bancos de automóvel, conduítes, capachos e camisetas. O que esses produtos, aparentemente tão diferentes, podem ter em comum?
Todos, sem exceção, são feitos de materiais recicláveis, com aparas de papel, embalagens longa vida, fibras vegetais, plásticos e pneus pós-consumo.
Empresas localizadas nos quatro cantos do País, tendo, em média, entre três e sete anos de existência, são as protagonistas dessa “alquimia” que transformam “lixo” em matéria-prima que, por sua vez, dá origem a incontáveis produtos. Hoje, é grande a gama de items disponibilizados ao consumidor final, suprindo necessidades que vão da casa ao ambiente de trabalho.
Em razão de sua qualidade, visual caprichado e preço competitivo, os reciclados brasileiros disputam mercado de igual para igual, com produtos assemelhados, mas confeccionados com matéria-prima virgem. O consumidor, cada vez mais informado dos benefícios ambientais e sociais da reciclagem, não pestaneja na hora da compra: prefere sempre o reciclado.
Nos Estados Unidos, Europa e Japão, o fenômeno é ainda mais intenso. A indústria da reciclagem além de conquistar dia-a-dia um número crescente de clientes, já é considerada atividade estratégica para a geração de novos empregos. Os reciclados invadem a indústria automobilística, moveleira, da moda, de materiais para a construção civil, de utilidades domésticas, entre outros.
Confira alguns reciclados oferecidos em escala comercial e industrial no Brasil.
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ALUMÍNIO: no banheiro o ECOBOX, feito de esquadrias em alumínio reciclado e plástico reciclado para as divisórias.
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FIBRAS VEGETAIS E RESÍDUOS PARTICULADOS: capachos para a entrada de residências e estabelecimentos comerciais. Têm alta durabilidade, maior retenção da sujeira, além de fungicida natural. Em fibra de coco, PET reciclado ou retalhos de tecelagem.
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TIJOLOS: de solo-cimento, sem necessidade de queima de madeira – 80% terra areno – argilosa, 10% areia, 10% cimento.
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BLOCOS: blocos cerâmicos para revestimento e fechadura de paredes, feitos de argila e resíduos de papelão.
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REVESTIMENTO DE PAREDES: placas de fibras de juta ou coco reaproveitadas, prensadas a frio com resina de óleo de mamona ou a quente, com resina vegetal de acácia negra (leguminosa).
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ARGAMASSA VEGETAL: em cimento e pó de serra de pinus, para vasos, caixas de passagem, lajotas e nivelamento de pisos. O processamento de cascas de arroz, algodão, amendoim, girassol, bagaço de cana, restos florestais, serragem de madeira, resíduos têxteis e restos de couro, entre outros, resultam num eficiente substituto do carvão e lenha usados em churrasqueiras e lareiras. As fibras naturais também estão em algumas peças que equipam os veículos da Daimler-Chrysler.
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LONGA VIDA: estas embalagens dão origem a mantas isolantes para telhados. O produto não propaga fogo. Este reciclável combinado com resíduos de plástico permite produzir placas super-resistentes a impactos, capazes de receber tintas, colas, adesivos, além de ser um excelente isolante térmico. Podem ser usadas como pisos, bancos de jardim, divisórias, revestimentos, etc.
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TELHAS E COMPENSADOS: substituem os compensados convencionais e apresentam grandes vantagens com relação à umidade e temperatura. As placas servem, também, como divisórias, tampos de mesas, etc.
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PAPEL: impermeabilizante e isolante termo-acústico à base de aparas de papel e outros materiais reciclados. Garantem estabilidade da temperatura interna e são atóxicos para habitantes do local.
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MATERIAL ESCOLAR: caderno em papel reciclado pós-consumo, com capa de bagaço de cana de açúcar.
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PLÁSTICO: os flakes, pequenos pedaços de plástico picados e descontaminados, de duas garrafas PET viram uma camisa básica. O produto leva o nome de Alya Eco e foi recentemente lançado, no Brasil, pela Rhodia-Ster. Trata-se da primeira fibra têxtil produzida 100% a partir de embalagem PET pós-consumo. A fibra é 20% mais leve que o algodão. O tecido de PET reciclado é tão macio e agradável ao toque que também é usado para fazer colchas, mantas para sofá e xales para a decoração da casa, toalhas de mesa, cortinas, etc.
Este reciclável também permite a fabricação de cerdas e cordas, carpete, réguas e canetas, carrinhos de brinquedo, tênis, luminárias, vassouras, potes plásticos, tapetes, mantas para enchimento de edredons e travesseiros, pelúcias para confecção de bichinhos, filtros para coifa, sacolas, sacos de lixo, vasos para flores, chapas para revestimento de paredes, painéis, prateleiras, entre outros. A sucata perigosa de vasilhames de agrotóxicos para a lavoura transforma-se em conduites, usados na construção civil. -
PNEUS: a borracha de pneu reciclada transforma-se em assoalho para áreas externas e solados de tênis.
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ECOBAGS, BOLSAS E SACOLAS: em câmara de pneus reaproveitada e couro vegetal ecológico (látex vulcanizado sem o uso de enxofre).
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VIDROS: objetos de decoração.
* Fonte: CEMPRE Informa – maio/2001 – pág. 2,3
Você sabia que: Para cada 1.000 Kg de alumínio reciclado, deixa-se de extrair 5.000 Kg de minério (bauxita).
Para se fazer 1,0 Kg de vidro é preciso 1,3 Kg de matéria-prima (sílica, areia, felaspato, barrilha e outros) ou 1,0 Kg de caco de vidro reciclado.
Para 60 Kg de papel reciclado evita-se que uma árvore seja cortada.
O plástico sendo reciclado pode se transformar em novos produtos plásticos.
Duração do Lixo no Mar
Toalha de Papel
2 a 4 semanas
Caixa de Papelão
2 meses
Caixa de Leite
3 meses
Luvas de Algodão
5 meses
Porta-Latinhas
Foto-Degradável
6 meses
Jornal
6 meses
Fralda Descartável
1 ano
Garrafa Plástica
450 anos
Lata de Alumínio
200 anos
Vidro
Tempo Indeterminado
Copo Plástico
50 anos
Porta-Latinhas
Plástico
40 anos
Lixo Radioativo
250.000 anos
Bóia de Isopor
80 anos
Linha de Nylon
650 anos
Pedaço de Madeira Pintada
13 anos
Fonte : DEMLURB
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