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Estudo identifica impactos da aquicultura no mundo

A aquicultura responde, hoje, por mais da metade dos frutos do mar consumidos no mundo, superando o pescado capturado em ambiente natural. E o continente asiático responde por 91% do suprimento global. Estas e outras informações estão reunidas no relatório “Blue Frontiers: Managing the environmental costs of aquaculture” (“Fronteiras azuis: gerenciando os custos ambientais da aquicultura”), publicado pelo WorldFish Center e pela Conservação Internacional (CI). O relatório concluiu que, embora venha provocando grandes impactos, aquicultura é mais eficiente se comparada a outras formas de produção de proteína animal, como a pecuária e a suinocultura, pois contribui menos para as emissões globais de nitrogênio e fósforo do que a carne suína e bovina.

O relatório sustenta que a demanda por produtos de aquicultura nas próximas duas décadas manterá a tendência de crescimento verificada nos últimos anos, e que a produção, em estimativas conservadoras, será de 65 a 85 milhões de toneladas em 2020, e 79 a 110 milhões de toneladas em 2030.

“Existe uma forte pressão sobre os estoques pesqueiros no mundo e a aquicultura tem sido apresentada como alternativa. Em que medida ela vai ter importância para a preservação dos recursos, isso depende da região do mundo, do tipo de captura, das espécies”, esclarece Guilherme Dutra, diretor do programa marinho da CI no Brasil.

“Se você criar uma espécie carnívora, vai ter de pescar para alimentar a carnívora. Isso não é sustentável”, complementa, citando o exemplo da carcinicultura (criação de camarões) no Brasil. O pacote tecnológico importado utiliza o chamado camarão da malásia. “A criação tem impacto nos manguezais e tem uma taxa de conversão absurda: são necessários 2,6 quilos de proteínas para produzir um quilo de camarão”, afirma.

Mas o impacto ambiental da aquicultura varia muito dependendo do país, da região, do sistema de produção e da espécie cultivada. Enquanto a enguia, o salmão, o camarão e o pitu são espécies mais impactantes, os moluscos, ostras e algas têm impacto pequeno.

“As ostras são espécies promissoras de de impacto reduzido. Elas têm uma característica filtrante, fixam o fósforo, e também precisam de menor quantidade de insumos para se desenvolver, o investimento é menor”, afirma Dutra. Ele cita casos bem sucedidos de criação de ostras no Brasil, como Cananéia, no litoral Sul de São Paulo. “Ali a comunidade se apoderou do processo e conseguiu produzir. Mas no geral, no Brasil, a aquicultura não se apresentou como uma alternativa aos pescadores artesanais, porque os pacotes tecnológicos foram trazidos para quem podia investir. Os pequenos não têm recursos para implementar”, resume.


Criação sustentável

A aquicultura é responsável pelo fornecimento de 99% das algas marinhas, 90% das carpas, e 73% dos salmões consumidos no mundo, e também responde por metade do fornecimento global total de tilápias, bagres, mariscos, caranguejos e lagostas. No Brasil, do total de 1,2 milhão de toneladas de pescado produzidas em 2009, 415 mil toneladas foram provenientes da aquicultura.

Os maiores impactos da atividade estão relacionados à acidificação do ambiente aquático, à ocupação do solo, à eutrofização (redução de oxigênio na água) e à demanda de energia.

“A acidificação é consequência do aumento de matéria orgânica na água. Dejetos, restos de ração… Teoricamente, é possível criar qualquer espécie de forma sustentável. Mas algumas são mais impactantes que outras”, explica Dutra, citando o caso da criação de salmões no Chile. “Foram feitas grandes represas para criação intensiva, com muita ração, o que causou muita acidificação, poluição das águas, as faunas locais foram perdidas… Hoje existe tecnologia para melhorar os padrões.”

Fonte: Estadão


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