Num Brasil conhecido por atrações naturais, mas que, por outro lado, apresenta uma escassez de regiões de montanhas altas, chega a ser uma ironia que uma das áreas mais frias e de maior altitude do país fique justamente em terras fluminenses –muito famosas pelo calor.
A região da serra da Mantiqueira que abriga o parque nacional do Itatiaia, o mais antigo no território brasileiro, fica na tríplice fronteira entre os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo –e a poucos quilômetros da via Dutra, uma mais importantes e movimentadas rodovias brasileiras.
Mas essa é uma das únicas áreas do Brasil onde é possível se sentir num ambiente quase alpino. E, apesar de frio e Rio não combinarem muito além da rima, ficam no Estado os principais acessos ao parque.
Dá para dizer que esse parque é dividido em duas partes: os vales e encostas cobertos por densa mata atlântica da parte baixa, acessíveis desde a cidade de Itatiaia, e os campos de altitude e picos rochosos da parte alta.
Pedro Carrilho/Folhapress | ||
Vista da floresta e do vale do Paraíba durante subida à parte alta do parque |
Imerso na paisagem, o maior patrimônio do parque é o ecossistema variado, tanto na fauna quanto na flora.
Desde o século 19, essas encostas e campos de altitude despertaram interesse de naturalistas, como é o caso do botânico e naturalista francês Auguste de Saint Hilaire (1779-1853) e do explorador, médico e antropólogo alemão Carl Friedrich von Martius (1794-1868).
Hoje os visitantes seguem para Itatiaia em busca de suas matas, cachoeiras, trilhas e vias de escalada.
Apesar de cada época do ano apresentar suas vantagens e desvantagens, convém ficar atento ao padrão climático: no verão, constantes chuvas deixam a vegetação do planalto verdejante e florida e a fauna mais evidente.
O calor permite banhos nas cachoeiras e as temperaturas da parte alta são mais amenas. Mas é também época de tempestades elétricas nos picos e cabeças-d’água dos rios. Além disso, a já complicada estrada para o planalto fica ainda mais precária.
Já o inverno é a alta temporada de montanhismo. Chove pouco, as trilhas estão secas, mas a água dos rios fica a ponto de congelar, e a vegetação, amarela. E, é claro, faz muito frio.
O inverno rigoroso do começo deste mês de julho, aliás, trouxe ao planalto dias consecutivos de temperaturas negativas, e os termômetros marcaram -5°C.
NEVE NO RIO?
Já houve ocasiões em que foi registrada neve por ali. Acredite ou não, neva no Estado do Rio, mesmo que raramente, como a “nevasca” de 1985, a maior registrada.
Geadas, por outro lado, são bem comuns, e parte do encanto da região está justamente em aproveitar o clima gelado. Mesmo com o frio, é prudente não subestimar o forte sol de montanha.
A recente reabertura das clássicas travessias do parque, interditadas durante décadas, promete aumentar o interesse dos montanhistas. Mas é necessário atentar aos horários de funcionamento e às normas para a utilização das trilhas e da estrada ao abrigo Rebouças, que é tido como o mais antigo do país, nesse tipo de espaço público.
Há, por exemplo, um limite diário no número de veículos que podem acessar o lugar a partir da portaria 3, assim como no de pessoas que podem pernoitar ali. Em ambos os casos, é preciso fazer reserva com antecedência.
Fogueiras são proibidas. O ecossistema do planalto é frágil, e a vegetação seca do inverno facilita incêndios de grandes proporções.
Cachoeira do Véu da Noiva na parte baixa do parque nacional
Fonte: Pedro Carrilho/ ITATIAIA_ FOLHA
Deixe um comentário