O macaco-bugio (Alouatta clamitans) tem um gogó de fazer inveja. Seu grito potente pode ser ouvido a cerca de cinco quilômetros de distância. O som que emite, uma das características mais famosas da espécie, tem várias funções: serve para se comunicar com os integrantes do grupo e defender o território, por exemplo. Há até um tipo de música tradicional no Rio Grande do Sul chamado bugio cujo ritmo tenta imitar seu grito com a sanfona.
Conhecido também como bugio-ruivo, guariba e barbado, é um dos maiores primatas das florestas tropicais do continente americano. Mede entre 45 cm e 58,5 cm, sem contar a cauda, que varia de 48,5 cm a 67 cm. Pesa entre 4 e 7 kg. A pelagem do macho pode variar do vermelho ao marrom forte. Já a da fêmea é castanho escuro, quase preta. Como o próprio nome já indica, os dois têm pequena barba da cor do pelo.
É mais ativo durante o dia e no fim da tarde. Arborícola, passa a maior parte do tempo em cima das árvores. O rabo preensil o ajuda a se locomover por elas, pois tem a capacidade de enrolá-lo nos galhos, funcionando como quinta pata. No Brasil, vive principalmente na Mata Atlântica, da Bahia ao Rio Grande do Sul, em grupos de três a oito animais, em média, liderados por um macho. Também vive na Argentina.
Alimenta-se de folhas, frutos e flores. Por comer muitas fibras, tem de descansar um pouco após a refeição para fazer a digestão. O período de gestação varia entre 185 a 195 dias. Em geral, nasce apenas um filhote, que mama e é carregado pela mãe por quase dois anos. O bugio não corre risco de extinção, no entanto, a população tem diminuído por causa do crescimento das cidades e da destruição das matas; por isso, é cada vez mais visto nas áreas urbanas.
Sem risco de ser atropelado ao atravessar a avenida
Muitos animais vivem livres na mata do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, do qual o Zoológico de São Paulo faz parte. Entre eles estão bugio, bicho-preguiça e gambá. O problema é que a área é cortada por uma avenida pela qual passa grande quantidade de veículos. Até pouco tempo, bichos eram atropelados com frequência. Mas uma invenção tem salvado a vida de muitos. É a Transbugio, passarela que permite a travessia segura da bicharada. Feita de cordas e tubos plásticos, passa por cima da via a 10 m do chão. Os acidentes diminuíram muito, mas pena que não há alternativas parecidas em todas as rodovias que cortam as matas brasileiras. Muitos animais de diferentes espécies ainda morrem diariamente atropelados.
A criação, no entanto, nem sempre impede que de vez em quando um filhote se machuque. Foi o que aconteceu com a pequena Buba (fotos). Com cerca de 30 dias, ela caiu durante a viagem de seu grupo pelas árvores. Encontrada por funcionários do Zoo, foi encaminhada para o serviço médico que notou uma patinha quebrada. Buba passou por cirurgia e, agora, já se movimenta sem dificuldade. Por enquanto, está sendo criada pelos biólogos do setor de mamíferos.
Fonte : Diário do Grande ABC
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