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Bichos terapeutas

Rafaela Matias

Usados em divertidas sessões com os pacientes, animais ajudam a tratar doenças crônicas

Lambidas em vez de injeção. Carinho com focinhos no lugar dos estetoscópios. Rabinhos que abanam freneticamente substituem remédios. Eles provavelmente não têm consciência de seu poder terapêutico, mas os animais são utilizados por profissionais da saúde para intensificar o tratamento de doenças crônicas, como autismo, depressão e paralisia cerebral.

Uma das beneficiadas pelas divertidas interações com os bichos é a pequena Vitória Rafaely Oliveira Amorim, de 7 anos. Ela nasceu prematura, aos seis meses de gestação, e foi diagnosticada com atraso neuropsicomotor logo após o parto. “Faltou oxigenação no cérebro do bebê por oito minutos”, conta o taxista Rafael Amorim, pai da garota. Depois de tentarem diversos tratamentos convencionais, ele e a mulher, Priscila, decidiram inscrever a menina no centro de equoterapia da Polícia Militar, onde ela frequentou sessões semanais durante quase dois anos para melhorar a postura, o controle do tronco e o equilíbrio.

“A cada passo do cavalo, o cérebro recebe estímulos semelhantes ao do andar humano”, explica a fisioterapeuta Viviane Maciel Chaves. “Isso estimula os reflexos, porque a criança precisa se manter lá em cima.” Há dois meses, Vitória recebeu alta após atingir todas as metas estabelecidas no início do programa. “Além da melhora de equilíbrio e postura, conseguimos bons resultados no controle da ansiedade e na interação com o ambiente”, afirma a fisioterapeuta. Segundo o pai, a diferença fica evidente em algumas atividades do dia a dia. “Ela passou a se alimentar melhor e a ter um pouco mais de autonomia”, conta.

No Lar de Idosas Santa Tereza e Santa Terezinha, em Belo Horizonte, os cachorros são a estrela das sessões terapêuticas, realizadas a cada quinze dias. “Medimos a pressão arterial antes e depois dos exercícios, e os resultados são notáveis”, afirma o arquiteto Ivan Mendanha, gestor do projeto voluntário de assistência aos internos. De acordo com o psicólogo e adestrador Leonardo Curi, isso ocorre por razões fisiológicas. “São liberados hormônios de bem-estar que equilibram os batimentos cardíacos”, explica. Mas ele faz uma ressalva. “Quando o paciente é alérgico ou tem fobia de animais, o método perde a eficácia.” Como não sofre de nenhum desses males, a moradora do Lar de Idosas Célia Maciel Castro faz uma verdadeira festa para receber a visita do boiadeiro bernês Hummer. “Sempre adorei animais.”

Outro lugar onde os cães fazem sucesso é o Hospital Madre Teresa, também na capital mineira. Desenvolvido em parceria por professores da PUC Minas e da UFMG, o projeto Um Dia de Cão está implementando atividades assistidas por animais dentro do hospital. Segundo a coordenadora do programa, a professora da Escola de Medicina da UFMG Viviane Marino, o objetivo é garantir a “humanização” dos pacientes internados.

Estudos mostram que a interação com os animais pode contribuir para a melhora de quadros depressivos, aumentar a tolerância a procedimentos dolorosos e reduzir a pressão arterial e o colesterol. A relação com os bichos ajuda ainda a aumentar a produção dos hormônios de bem-estar. “Isso auxilia o paciente a focar na saúde, e não na doença”, diz Viviane. Como defende o médico americano Patch Adams – interpretado no cinema pelo ator Robin Williams (1951-2014) -, o amor é contagioso. Inclusive o dos animais.

CÃES, GATOS E HAMSTERS
Cada espécie é útil para determinado tratamento

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Referência na cidade, a clínica Religare, do psicólogo Leonardo Curi, usa cães, gatos, hamsters e até pássaros no tratamento de crianças e adultos. Com a ajuda do terapeuta Christiano Andrade, Curi realiza sessões em escolas, asilos e residências da capital para cuidar dos mais variados tipos de doença cognitiva. A escolha dos bichos é feita de acordo com o quadro de cada paciente. “Os gatos são ótimos para tratamento de autismo e depressão”, diz ele. “Já os cachorros são muito eficientes para estimular os movimentos.”

O boiadeiro bernês Logan e o golden retriever Mike fazem uma algazarra para receber os pacientes, como os garotos Gabriel Vieira e Diogo Germano. Apesar do tamanho, os dois são bem dóceis. “Com a presença deles, todos ficam mais dispostos”, afirma Curi. “O tratamento vira uma brincadeira.”

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude/bichos-terapeutas-816680.shtml?utm_source=redesabril_psustentavel&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_psustentavel


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