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Motoristas expostos à poluição estão mais propícios a infarto, afirma estudo

Motoristas expostos à poluição estão mais propícios a infarto, afirma estudo

Um estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo apontou que os motoristas expostos ao trânsito diário estão propensos a sofrerem mais infarto. Coordenado pelo médico Paulo Saldiva, o estudo mostra que a maioria das pessoas que sofre infarto havia acabado de enfrentar o transito da cidade.

Junto com esta informação foi apresentado um dado preocupante: 4 mil pessoas morrem por ano em São Paulo em decorrência de doenças ligadas à poluição, que tem como grande responsável o diesel comum, um dos maiores poluidores na capital.

Para Saldiva apenas uma política de combustível mais limpo e eficiente não é suficiente. “Mesmo que fizesse um monte de veículo elétrico eu teria que saber de onde iria tirar o lítio, metais ou chumbos para fazer essas baterias, de onde eu tiraria esse monte de metais para fazer a bateria? Você resolveria uma parte do problema que são as emissões”, afirmou o médico.

As medidas periféricas propostas pelos governantes, como vias mais rápidas, resolveriam problemas relacionados à mobilidade, mas não seriam eficientes também. É o caso ocorrido em Pequim, onde o aumento da mobilidade trouxe mais poluição, como afirmou Saldiva.

O médico ainda aponta que toda a lógica da cidade é formatada no transporte individual, o que dificulta a implantação de modalidade no transporte público, “cada um, numa situação de aperto, procura uma solução individual, o que não é errado”.

Políticas sobre a emissão de resíduos

O Estado de São Paulo possui políticas públicas relacionadas à emissão de resíduos. O documento prevê algumas ações que visam à diminuição de poluentes na atmosfera da cidade.

Projetos como a inspeção veicular ou a mudança da frota de ônibus movidos a combustível fóssil para energia verde (que hoje abrange apenas 10% da frota no município) já fazem parte da realidade da cidade. Porem ideias como corredor de ônibus elétrico ou aumento da malha metroviária não saem do papel.

A ideia de priorizar o transporte de massa esbarra nas iniciativas governamentais que amplia o espaço para veículos, e impulsiona a indústria automobilística com a diminuição de IPI na compra do carro ao invés de utilizar benefícios para o transporte público. “Toda lógica da cidade é formatada para o transporte individual. Você tem uma pista na marginal para carro ao invés de criar pista para transporte coletivo ou criar uma política para ciclovia”, afirma Saldiva, que ainda menciona o não foco das secretarias em ações que poderiam frear emissões de CO² na atmosfera. “A Secretaria de Transporte tem uma política, a Secretaria da Indústria e Comércio tem outra, o difícil é administrar esses interesses”, complementa.

A parcela da população

Contudo nenhuma política para controle de poluição será suficiente se não houver um plano ambiental mais amplo.

Para arquiteta e especialista em ciência ambiental pela USP, Ana Theresa Junqueira, uma cidade como São Paulo, com 12 milhões de habitantes, deve combater o problema por meio de várias frentes. Para arquiteta uma pessoa não deve atravessar a cidade para ir a um parque ou evento cultural, as atividades e serviços devem estar em todos os bairros, e não apenas na região central, evitando os grandes deslocamentos.

“Você também deve trabalhar a consciência das pessoas através da educação ambiental, mas não apenas para as crianças porque até elas ficarem grandes a cidade estará impossível de respirar. Deve-se ter um programa maciço de educação, como o SOS Mata Atlântica faz em relação à água. Pegar um minuto do horário nobre da novela para isso, como aconteceu quando tivemos ameaça de epidemia de cólera em São Paulo”, afirma Ana.

Os planos para melhoria dos índices de poluição devem ser feitos nas mais variadas esferas, “você tem que atacar pela educação ambiental, incentivar o consumo sustentável, as pessoas tem que ter consciência, repensar o modo de vida”.

Para Saldiva o atual discurso sobre sustentabilidade é irreal. O que deveria ser frisado é que as atitudes sustentáveis proporcionam benefícios à saúde. Que investimentos em transporte público, de forma que a pessoa se desloque mais rápido, para otimizar o tempo e ter a oportunidade de lazer com a família, possibilite seu desenvolvimento como cidadão e ser humano. “O dia que você mostrar que existem benefícios diretos para as pessoas, talvez nós tenhamos a mudança cultural que se espera,” finaliza o médico.

(Consumidor Moderno Consciente)

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