
Medicinal
Segundo a nutricionista da Amil Patrícia do Socorro e Silva, o “vinho” do açaí — quando ele é deixado de molho na água, despolpado e misturado, transformando-se em um suco grosso — é uma das formas mais conhecidas do fruto. Ela sustenta que, embora seja um alimento riquíssimo nutricionalmente, ele é cercado por crenças populares muitas vezes equivocadas. Uma delas é quanto ao seu alegado alto teor de ferro — provavelmente, pela cor roxa, que lembra outros alimentos fontes de ferro. “Alguns estudos demonstram que o açaí é pouco expressivo como fonte de ferro, mas altamente energético e excelente fonte de ácidos graxos essenciais — gorduras poli e monoinsaturadas —, que favorecem adequado controle de colesterol e renovação celular. Esse fato explica a consistência oleosa do fruto”, salienta.
Patrícia conta que a alta concentração de compostos fenólicos, principalmente os flavonoides (substâncias antioxidantes), confere ao fruto a característica de alimento funcional, devido à capacidade desse compostos de captar os radicais livres e, consequentemente, de atuar na prevenção de doenças cardiovasculares e circulatórias, do câncer, do diabetes melito e do mal de Alzheimer. “Estudos mais recentes demonstram também efeitos positivos na prevenção do câncer gástrico, especificamente, por combater a infecção por Helicobacter pylori, bactéria que pode causar a lesão de células gástricas”, afirma.

O açaí é um fruto consumido há muito tempo pelos indígenas e moradores da região amazônica. É também largamente utilizado para a produção de um refresco (“vinho” de açaí). Nas regiões sul e sudeste vem sendo popularizado e consumido como complemento alimentar, principalmente pelas pessoas que buscam vigor físico.
Para a especialista, é importante salientar que sucos e polpas preservam suas propriedades, podendo se transformar em excelentes fontes de antioxidantes. Também por essas características, ela destaca, o açaí pode colaborar de forma positiva no tratamento de algumas doenças dermatológicas, como acne e dermatite atópica, além de tratamentos antienvelhecimento (que estão, na maioria das vezes, relacionados a processos inflamatórios).
“A grande concentração de ácidos graxos essenciais e de antioxidantes do açaí confere, portanto, enormes benefícios na prevenção e no auxílio no tratamento de diversas doenças”, conclui. Ainda assim, faz-se necessário o incentivo a novas pesquisas, avalia, utilizando o açaí como uma forma de alcançar novas alternativas terapêuticas, principalmente, por ser um fruto de origem e cultivo, exclusivamente, nacional.
A professora da Universidade de Brasília e especialista em frutos regionais Veronica Cortez Ginani conta que o valor nutricional do açaí varia conforme o tipo e a forma de processamento. A principal fonte energética do açaí é proveniente da porção de gordura. Os ácidos graxos presentes são, principalmente, o oleico, o palmítico e o linoleico, com funções variadas no organismo humano, participando do metabolismo, como na síntese de hormônios, além de possivelmente estarem envolvidos na reparação de tecidos.
Fonte : Rebeca Ramos _ CORREIO BRAZILIENSE
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