Mais de cinco mil e-mails da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, um dos principais centros de estudos climáticos do planeta e que foi o foco do ‘climategate’ de 2009, começaram a circular pela Internet nesta terça-feira (22), a menos de uma semana para a Conferência do Clima de Durban (COP17).
Alguns deles trazem um conteúdo controverso com frases como: “Eu acredito que a ciência está sendo manipulada por razões políticas” ou “Os governos querem dados alarmantes para que não façam papel de tolos”.
Os e-mails apareceram pela primeira vez no site russo Sinwt.ru e estavam em um arquivo chamado FOIA2011. Apesar de sua autoria ser anônima, o site trazia links para blogs populares entre os céticos climáticos: Watts Up With That, Climate Audit, TallBloke e The Air Vent.
A Universidade de East Anglia afirmou que ainda não conseguiu averiguar se os e-mails são verdadeiros por causa da grande quantidade de informação.
“Não tivemos como analisar todo o material, mas não há registro de violações do nosso sistema recentemente. Existe a possibilidade de que esses e-mails, se verdadeiros, sejam ainda fruto da invasão de 2009. Além disso, assim como daquela vez, as mensagens estão totalmente fora de contexto com o objetivo claro de prejudicar as negociações internacionais”, diz uma nota divulgada pela Universidade.
O pesquisador Michael Mann confirmou que algumas das mensagens vazadas são realmente dele. “Parecem ser meus e-mails, mas não vejo nada de muito alarmante no seu conteúdo. É uma tentativa patética de enfraquecer os dados de nossas pesquisas”, declarou.
Segundo Andrew Watson, da Royal Society Research e professor em East Anglia, as mensagens vazadas não mostram nada de mais. “Nenhuma palavra contida nesses e-mails diminui o fato de que o nosso planeta está aquecendo e que uma das principais causas para isso parecem ser as emissões de gases do efeito estufa resultantes de atividades humanas.”
“Esse novo vazamento de e-mails, promovido tão convenientemente próximo à COP17, é obviamente uma manobra política. Trata-se de um grupo tentando influenciar as negociações de uma forma nada democrática. Porém, as informações contidas nessas mensagens são totalmente irrelevantes, não terão impacto nenhum”, resumiu Simon Lewis, pesquisador ligado a Royal Society britânica.
O primeiro vazamento de e-mails de cientistas climáticos foi batizado de ‘climategate’ em referência ao caso Watergate e foi uma tentativa de mostrar que o aquecimento global seria uma invenção criada a partir da manipulação de dados.
Porém, vários inquéritos foram realizados para investigar a questão e todos acabaram garantindo que as pesquisas da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia eram sérias e válidas.
Reforçando esse veredicto, muitos outros estudos de instituições reconhecidas internacionalmente vêm desde 2009 confirmando que o aquecimento global é uma ameaça real.
Da Organização Mundial de Meteorologia até ao Departamento de Energia dos EUA, da consultoria PricewaterhouseCoopers até a Agência Internacional de Energia, todos afirmam que a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera aumentou e que isso está resultando no incremento da temperatura média do planeta e na maior frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades.
Até a Universidade da Califórnia (Berkeley), que costumava ser a referência para os céticos das mudanças climáticas, recentemente divulgou novos dados que confirmam o aquecimento global.
Dificilmente os responsáveis pelo vazamento dos e-mails serão encontrados, já que a investigação policial de 2009 ainda está em andamento sem resultados. Mas pelo menos dessa vez parece que a influencia deles em Durban será bem menor do que foi em Copenhague.
Fonte: Instituto Carbono Brasil
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