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Relatórios apontam maus tratos a aves por processadoras nos Estados Unidos

A empresa brasileira JBS, considerada a maior processadora de carnes do mundo, tem uma subsidiária nos Estados Unidos, chamada Pilgrim’s Pride, que está entre as denunciadas por novos relatórios de ativistas ambientais norte-americanos que apontam maus tratos graves a bichos que são servidos em supermercados e que, possivelmente, vão enfeitar e tornar mais saborosa a ceia de Natal de bilhões de pessoas. A denúncia é específica com relação a aves e foi publicada hoje no site do jornal britânico “The Guardian” . Basicamente, o problema é no transporte: muitas aves foram encontradas à mercê do tempo, do lado de fora das fábricas, num frio intenso que as levam à morte.

Ou são cozidas vivas, por falta de paciência dos funcionários de abatê-las antes de serem jogadas na água quente. Ou são sufocadas, em pilhas de milhares de aves.

A pergunta que se fazem os ativistas, é: será que o atual sistema do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), onde os inspetores das empresas publicam relatórios quando vêm violações, realmente funciona? Um inspetor, que pediu à reportagem do “The Guardian” para permanecer anônimo, questionou o impacto desses relatórios.

Mesmo sendo passíveis de questionamento, os relatórios lidos pelos jornalistas apontam falhas graves, que nem acho que valha a pena descrever aqui porque causam mal-estar só de pensar. Há fortes indícios de que tenham sido falhas provocadas por falta de treinamento adequado aos funcionários. Um dia no mês de janeiro, por exemplo, 34 mil frangos congelaram até a morte porque foram mantidos, de um dia para o outro, do lado de fora do matadouro. Alguém os esquecera ali.

As violações foram testemunhadas entre 2014 e este ano, em alguns dos maiores processadores de aves do país – entre eles a Pilgrim’s Pride e a Case Farms – e os registros foram recebidos pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (FSIS). As denúncias foram encaminhadas com base na Lei de Liberdade de Informação pelo Instituto de Bem-Estar Animal (AWI) , sem fins lucrativos.

Ocorre que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) só tem regras de abate humanitário para gados. As aves não são consideradas animais que precisem de respeito dos homens que delas vão se alimentar. Infelizmente, vivemos num tempo em que até mesmo os sinais da natureza diante dos impactos causados pelo homem estão sendo contestados por muitos. E é bem provável que muitos irão questionar a preocupação dos ativistas com relação ao mal-estar provocado em aves antes da morte, talvez até mesmo ironizar ou ridicularizar. Eu, não.

Em primeiro lugar, porque há estudos que já provaram que até os peixes sentem dor, emoção, e que a experiência de dor que sentem as aves é análoga à que sentem os mamíferos. Em segundo lugar, porque são seres vivos e enquanto a humanidade não os tratar de maneira respeitosa, evitando mesmo mortes desnecessárias, estará precisando rever muitos de seus caminhos aqui na Terra. Por que tratar mal a quem consideramos inferiores?

Voltando ao relatório e às denúncias, o jornal deu às empresas o direito de responder às acusações. Só quem não se deu ao trabalho de fazer isto, pelo menos até a reportagem ir para o ar foi a subsidiária da JBS.

A Case Farms disse que:

“Levamos a sério cada circunstância do bem-estar animal e incentivamos nossos funcionários a relatar qualquer incidente por meio de uma linha direta anônima de terceiros para relatar problemas de bem-estar”.

Por causa das denúncias, a empresa criou uma política de tolerância zero para o tratamento cruel das aves e mandou instalar câmeras em cada canto de suas fábricas.

O problema virá se, por exemplo, o Reino Unido decidir não importar mais aves de tais empresas se continuarem os maus tratos. Mas, é claro, isto é sonho de ativistas ambientais.

Mas o inspetor do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que prefere ficar no anonimato, apontou um dos problemas na produção das carnes de aves: rapidez demais.

“As aves estão indo a 175 por minuto. Isso é muito para tentar matar em um minuto, disse ele.

A causa disso? A indústria avícola dos EUA abate cerca de nove bilhões de aves por ano, um número que o governo Trump espera que seja ainda maior. E, em setembro, o governo divulgou um plano para permitir que as fábricas aumentassem sua velocidade de processamento, do limite anterior de 140 aves por minuto para os atuais 175.

E eu me pergunto qual o limite da nossa crueza ao não percebermos como estamos distantes do ambiente que nos cerca. Se comer animais é uma necessidade para muitos, por que não se consegue ter uma relação de respeito na hora de matá-los? Como ficar bem deixando aves morrerem depois de passar por tanto sofrimento? Por que e para quê?

O desenvolvimento não pode ser a resposta, até porque também não se está indo bem neste quesito, já que a desigualdade social só faz crescer no mundo. Falta mesmo é humanidade. Ou leis mais severas, se assim preferirem. Que seja.


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