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População de tartaruga-da-amazônia cresce graças às comunidades locais

Conhecida como tartaruga-da-amazônia, a 'Podocnemis expansa' tem sobrevivido: 70 mil filhos nascem às margens do Rio Juruá

Esforços comunitários e vigilância da população local, os ribeirinhos, contra caçadores estão permitindo que as praias fluviais da Amazônia voltem a ficar cheias de tartarugas.

No caso da Podocnemis expansa, gigante e sensível espécie chamada popularmente de tartaruga-da-amazônia, os números impressionam: de 1977 para cá, a cada ano são 70 mil filhotes a mais que conseguem nascer nas áreas monitoradas às margens do Rio Juruá, um importante afluente do Amazonas.

Comparado a 40 anos atrás, nove vezes mais tartarugas estão realizando a desova nas areias da região.

Os dados, resultados de uma pesquisa realizada pelas universidades inglesas de East Anglia e Anglia Ruskin e das federais brasileiras de Alagoas e do Amazonas, estão publicados na edição desta terça-feira do periódico científico Nature Sustainability.

“Após declínios populacionais severos e de longo prazo causados pela superexploração histórica, as praias de nidificação de tartarugas, localmente conhecidas como tabuleiros, têm sido sistematicamente protegidas da captura de ovos e adultos por guardas informais das comunidades locais e, ao mesmo tempo, monitoradas com sucesso para a nidificação, especialmente para a Podocnemis expansa, espécie de alto valor e dependente da areia”, ressaltam os pesquisadores, no artigo.

O estudo mostra que, atualmente, há cerca de 2.000 ninhos de tartarugas nas praias, às margens do Juruá, protegidas pelas comunidades locais. Destes, anualmente, apenas 2% são atacados por caçadores. Em outras praias analisadas, caçadores violam e coletam ovos de 99% dos ninhos.

No caso da tartaruga-da-amazônia, a população passou a ter uma quantidade consistente de exemplares sobretudo nos últimos 15 anos. No mesmo período, de acordo com os pesquisadores, 19 praias não protegidas foram reportadas como sendo locais de declínio de espécimes de tartaruga.

Quanto aos ninhos recentemente verificados pelos pesquisadores, foram encontrados 584 da tartaruga-da-amazônia nas praias protegidas e apenas 10 nas não participantes do projeto de conservação. Das outras espécies de tartarugas, foram 786 contra 161.

Tartarugas são historicamente alvo de caçadores na região amazônica, principalmente por conta do consumo da carne e dos ovos.

A legislação ambiental brasileira protege esses animais desde 1967, mas a fiscalização governamental nunca foi eficiente. Nos anos 1970, quando esses projetos comunitários foram iniciados, as populações de tartarugas apresentavam níveis alarmantes na região.

“Ao incluir moradores locais nas práticas de conservação, podemos aumentar a efetividade dos resultados de conservação e melhorar o bem-estar local”, acredita o cientista João Campos-Silva, do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de Alagoas, um dos autores da pesquisa.

O rio Juruá nasce no Peru e deságua na região em que o Amazonas é mais conhecido como Solimões. Tem 3 mil quilômetros e é muito sinuoso. Os pesquisadores analisaram um trecho 1,5 mil quilômetros. O programa de proteção de praias ao longo do Juruá faz parte do maior esforço de conservação de base comunitária da Amazônia. 
As praias são protegidas por vigilantes locais 24h por dia durante toda a época reprodutiva das tartarugas – cinco meses por ano.


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