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Sacolas plásticas ou de papel, do ponto de vista energético, qual é melhor?

É um pensamento antigo, quando chega a hora de fazer compras no supermercado: qual seria a melhor opção, sacolas de papel ou plásticas? Parece ser uma escolha fácil, mas há um número incrível de detalhes escondidos em cada tipo de sacola. De durabilidade e reusabilidade, a custos por ciclo de vida, há muito mais em cada sacola do que podemos enxergar. Vamos dar uma olhada por trás das sacolas…

De onde vem as sacolas de papel marrom?

O papel vem das árvores – muitas e muitas árvores. A indústria madeireira, influenciada por empresas como a Weyerhaeuser e a Kimberly-Clark, é enorme, e o processo para obter essa sacola de papel para o comércio é longo, sórdido e cobra um pesado tributo sobre o planeta. Primeiro, as árvores são encontradas, marcadas e abatidas em um processo que muitas vezes envolve corte raso, resultando em destruição maciça de habitat e a longo prazo, dano ecológico.

Mega-máquinas vem para remover as toras que costumavam ser floresta, seja por caminhões madeireiros ou até mesmo helicópteros, em áreas mais remotas. Estas máquinas requererm combustíveis fósseis para operar e, quando feito de forma insustentável, derrubar até mesmo uma pequena área tem um grande impacto em toda a cadeia ecológica nas áreas circunvizinhas.

Quando as árvores são cortadas, elas devem secar, pelo menos, três anos antes de poderem ser utilizadas. Mais máquinas são usadas para tirar a casca, que é reduzida em quadrados de uma polegada e cozidos sob forte pressão e calor. Essa madeira cozida é, então, “digerida”, por uma mistura química de calcário e ácido e, após várias horas de mais cozimento, o que antes era madeira torna-se celulose. São cerca de três toneladas de aparas de madeira para fazer uma tonelada de celulose.

A polpa é lavada e branqueada, ambas as fases exigem milhares de litros de água limpa. Para a coloração é adicionada mais água, em uma proporção de uma parte da polpa para 400 partes de água. A mistura polpa e água é despejada em uma teia de fios de bronze, onde a água passa, deixando a polpa, que por sua vez, é enrolada como papel.

Ufa! E isso é só para fazer o papel, não se esqueça sobre as entradas de energia – química, elétrica e baseada nos combustíveis fósseis – utilizadas para o transporte da matéria-prima, transformação do papel em uma sacola e, em seguida, transportar a sacola de papel pronta para o comércio.

Para onde as sacolas de papel vão ao final da vida útil?

Quando você termina de usar uma sacola de papel, um série de coisas podem acontecer. Se for minimamente impressa (ou impressa com tintas à base de soja ou outros corantes vegetais) ela pode ser compostada, caso contrário, pode ser reciclada na maioria dos sistemas de reciclagem de papel misto, ou pode ser jogada fora (que não é algo que recomendamos).

Se você utilizar a compostagem, as sacolas serão degradadas e transformadas em um composto orgânico rico em nutrientes no período de dois meses. Se você jogá-las fora, elas demorarão muito mais tempo para serem degradadas (e sem os benefícios finais do adubo). Se você optar por reciclar as sacolas de papel, então as coisas ficam um pouco complicadas.

O papel deve ser primeiramente repolpado, o que geralmente exige um processo químico que envolve compostos como o peróxido de hidrogênio, silicato de sódio e hidróxido de sódio, que clareiam e separam as fibras de celulose. As fibras são, então, limpas e selecionadas para ter a certeza que elas estão livres de qualquer coisa que possa contaminar o processo de fabricação do papel, depois são lavadas para remover restos de tinta, antes de serem pressionadas e enroladas em formato de papel, como antes.

Como são feitas as sacolas plásticas?

Ao contrário das sacolas de papel, sacolas plásticas são normalmente feitas de petróleo, um recurso não renovável. Os plásticos são um subproduto do processo de refino de petróleo, e respondem por cerca de 4% da produção de petróleo ao redor do planeta.

É com a eletricidade o maior gasto de energia durante o processo de criação da sacola plástica que, no Brasil, vem na sua maioria de usinas hidrelétricas. O processo requer bastante eletricidade para aquecer o óleo até 400ºC, permitindo a separação de seus diversos componentes e moldagem em polímeros. As sacolas plásticas vem na maioria das vezes de um dos cinco tipos de polímeros, o polietileno, na sua forma de baixa densidade (LDPE).

Como funciona a reciclagem da sacola plástica?

Assim como o papel, o plástico pode ser reciclado, mas não é simples ou fácil. A reciclagem envolve, essencialmente, refusão das sacolas e remoldagem do plástico, no entanto, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, na fabricação de objetos plásticos a partir de plástico reciclado são necessários 2/3 da energia usada na fabricação de plástico virgem. Mas, como qualquer barista que já tentou reaquecer um café, irá dizer-lhe que nunca terá a mesma qualidade! As cadeias poliméricas quebram frequentemente, levando a um produto de qualidade inferior.

O que isso significa para você? Basicamente, o plástico é muitas vezes downcycled – isto é, o material perde a viabilidade e/ou valor no processo de reciclagem – em formas menos funcionais, tornando-se difícil fazer sacolas plásticas novas através das velhas.

E sobre as sacolas plásticas biodegradáveis?

As sacolas biodegradáveis são feitas com Biopolímeros como polihidroxialcanoato (PHA) e poliláctico (PLA), são totalmente biodegradáveis em compostagem (e de muito, muito lenta degradação em aterro sanitário). Não possuem derivados de petróleo e sim de fontes de alimento.

A principal matéria-prima para o bioplástico hoje é o milho, que é repleto de conflitos agropolíticos e, muitas vezes cultivados e colhidos de forma insustentável, por essas razões, e porque compete com o fornecimento de alimentos, não é provável que seja uma solução a longo prazo no mundo do plástico.

Além disso, algumas sacolas indicadas com biodegradáveis na verdade não são – elas são de plástico reciclado misturado com amido de milho. O amido de milho é biodegradado e o plástico se decompõe em minúsculos pedaços, deixando uma bagunça de polímeros “sujos”. A única maneira de evitar isso? Procure por polímeros 100% à base de plantas, como os dois acima mencionados.

Contudo, é bom ter a alternativa (e reconhecer a inovação que representa), mas os bioplásticos não estão completamente prontos para salvar-nos do debate entre o papel ou plástico.

Plástico ou papel: Um olhar para os fatos e números

Refletindo sobre as implicações do uso e reciclagem de cada tipo de sacola, pode ser adquirido um olhar olístico sobre a energia, emissões e outros custos de vida relacionados com o ciclo de produção e reciclagem. De acordo com análises do ciclo de vida, as sacolas plásticas criam menos emissões aéreas e requerem menos energia durante o ciclo de vida entre ambos os tipos de sacolas em 10.000 utilizações equivalentes.

Resíduos sólidos: de plástico gera 4,14 Kg³ contra 20,82 Kg³ de papel.
Emissões aéreas: de plástico gera 8,14 Kg contra 29,18 Kg de papel.
Efluentes: de plástico gera 0,82 Kg contra 14,18 Kg de papel.

Sacolas de papel podem carregar mais coisas. Dependendo de como são seladas, armazenam mais volume e se tornam mais resistentes. Os números indicam que cada sacola de papel carrega 50% mais do que cada sacola plástica, o que significa que leva uma sacola e meia de plástico para igualar uma sacola de papel – apesar disso a sacola plástica ainda sai na frente.

É importante notar que todos os números acima assumem que as sacolas não são recicladas, o que acrescentaria uma série de impactos negativos, tanto às de papel quanto às de plástico.

Curiosamente, os números para a reciclagem de sacolas de papel ficam melhores mais rápido – quanto mais são recicladas, menor se torna o impacto ambiental – mas, como as sacolas plásticas utilizam muito menos recursos para começarem a ser produzidas, elas ainda acabam criando menos resíduos sólidos, emissões atmosféricas e efluentes.

Energia consumida por sacolas plásticas e de papel

A partir da mesma análise, descobrimos que o plástico também tem menores exigências de energia – esses números são expressos em milhões de unidades térmicas britânicas (BTUs) por 10 mil sacos, em 1,5 sacolas plásticas para cada sacola de papel. As sacolas plásticas exigem 9,7 milhões BTUs, contra 16,3 das sacolas de papel com reciclagem de 0%, mesmo a 100% de taxa de reciclagem, as sacolas plásticas continuam a exigir menos – de 7,0 contra 9,1 do papel.

O que isso significa para mim e para você? As sacolas plásticas necessitam de menos energia para serem produzidas, o que é significativo, porque grande parte da nossa energia gera impactos ambientais.

A melhor opção? A sacola reutilizável mais conhecidas como ecobags. Criadas por Anya Hindmarch com a famosa frase “Eu não sou uma sacola plástica”, estão ajudando a dar à sacola reutilizável algum sex apeal.

Sacolas plásticas ou de papel: a conclusão

Ambas exigem muitos recursos e energia, a reciclagem adequada requer logística reversa, integrando consumidores e produtores, passando pela coleta de resíduos urbanos e empresas de reciclagem, por isso, há uma série de variáveis que podem levar a baixas taxas de reciclagem.

Finalmente, nem papel nem plástico são boas escolhas. Sacolas de lona natural ou sintética, reutilizáveis, é o caminho a seguir. Do ponto de vista energético, de acordo com este estudo australiano, sacolas de lona são 14 vezes melhores que as sacolas plásticas e 39 vezes melhores que as sacolas de papel, pois as sacolas de lona podem transportar grande variedade de mercadorias e serem utilizadas mais de 500 vezes durante seu ciclo de vida.

Fonte: institutoecofaxina

http://www.institutoecofaxina.org.br/2010/09/sacolas-plasticas-ou-de-papel-do-ponto.html


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