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Novo livro mostra cem soluções que podem ajudar a evitar o aquecimento global

Ameaçados por fazendeiros em busca de madeira ilegal, os 26 milhões de hectares de terras dos índios Kaiapó em Mato Grosso e no Pará receberam uma ajuda providencial da ONG Fundo Internacional de Conservação do Canadá. Com o apoio, os índios conseguiram conter o avanço da destruição, o que não foi sem tempo, já que naquele território foi construída a megaobra para operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

As comunidades indígenas estão na linha de fogo, precisam de uma política de resistência contra o desmatamento porque seus povos estão ali há mais tempo e sabem muito bem o que fazer para evitar o aquecimento global, a perda da biodiversidade, tudo o que sabemos que será cada vez mais desastroso para a sobrevivência da humanidade no planeta.Para eles, não há debate possível entre preservaro meio ambiente ou crescer economicamente. Sua dica é pela qualidade de vida, por uma relação mais próxima com a natureza para ouvir dela o que é preciso.

“Sua resistência impede as emissões de carbono terrestres e mantém ou aumenta o seqüestro de carbono. As terras indígenas e de propriedade comunitária representam 18% de toda a área de terra do planeta, incluindo pelo menos 1,2 bilhões de acres de floresta, contendo 37,7 bilhões de toneladas de estoque de carbono. O cultivo da área sob a garantia da posse da terra indígena pode aumentar o estoque de carbono acima e abaixo do solo e reduzir as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento”.

Quem escreveu isso, ilustrando o que escreveu com o caso dos índios Kaiapó, foi Paul Hawken.O empresário norte-americano que se tornou um ativista ambiental escreveu “The Ecology of Commerce” em 1993, livro consagrado por outro empresário, Ray Anderson, já morto, que depois de lê-lo nunca mais deixou de se ocupar com os impactos que sua fábrica de carpetes, a Interface, causava ao meio ambiente. Não descansou enquanto não conseguiu zerar a quantidade de resíduos e de poluentes que produzia com sua indústria, e atribuiu a Hawken o sucesso da empreitada.

Pois Paul Hawken acaba de lançar outro livro, que se chama “Drawdown” (“Declínio”, em tradução livre) e já está sendo vendido pela internet . O que difere este livro de outros que põem o tema da preservação no centro dos debates é que seus leitores farão contato não só com o lado eminentemente de risco que a produção industrial vem causando ao mundo. Dessa vez, Paul Hawken decidiu coletar histórias de sucesso mundo afora, para provar que é possível fazer diferente e ter um bom resultado.São cem casos de soluções, a maioria considerando que rebaixar o índice de carbono é uma das saídas possíveis e dignas para evitar o aquecimento global e todas as suas trágicas consequências.

Como o que me interessa neste espaço é primordialmente o impacto que as pessoas já estão sofrendo por causa das mudanças climáticas, busquei saber no índice porque, entre as cem soluções, Hawken incluiu o tópico “Gestão de terras indígenas”.E lá encontrei o caso dos nossos índios.

“As terras indígenas e de propriedade comunitária representam 18% de toda a área de terra, incluindo pelo menos 1,2 bilhões de acres de floresta, contendo 37,7 bilhões de toneladas de estoque de carbono. O cultivo da área sob a garantia da posse da terra indígena pode aumentar o estoque de carbono acima e abaixo do solo e reduzir as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento. Para além do carbono, a gestão de terras indígenas conserva a biodiversidade, mantém uma gama de serviços ecossistemicos, salvaguarda ricas culturas e formas de vida tradicionais e responde às necessidades dos mais vulneráveis”, diz o texto.

O melhor é saber que, dando a terra aos índios, 6.19 gigatons de CO2 serão reduzidos até 2050.

Avançando um pouco mais nos casos listados no site do livro, cheguei à Malásia, que há séculos fornece madeiras tropicais para o mundo, mas que há cerca de vinte anos viu essa demanda crescer barbaramente.

“Durante esse tempo, as empresas de madeira não só lucraram com a venda de madeira, eles agravaram seus ganhos através da instalação de plantações de óleo de palma. Grande parte da exploração madeireira era ilegal, assim como a apropriação da terra. Os efeitos foram devastadores. A exploração madeireira degradou ou destruiu a grande maioria das florestas tropicais da Malásia e a taxa de desmatamento é maior do que em qualquer outro país tropical. Lar de um dos primatas mais inteligentes, o orangotango criticamente ameaçado, estima-se que apenas 20% das florestas tropicais de Bornéu permanecem”, diz o texto.

 – Em 2015, segundo os dados coletados por Hawken, havia cerca de três trilhões de árvores no mundo e mais de 15 bilhões são cortadas a cada ano. Desde que os seres humanos começaram a plantar e  colher na Terra, o número de árvores caiu 46% e as emissões de carbono causadas pelo desmatamento são estimadas em cerca de 10 a 15% do total mundial. Eis o problema. Mas Hawken avança em sugestões de estratégias para proteger as florestas, o que inclui políticas públicas e aplicação das leis que se opõem à formação de cartéis.

– Mecanismos impulsionados pelo mercado, principalmente programas de eco-certificação que informam os consumidores e afetam as decisões de compra;

– Programas que permitem às nações ricas e às corporações fazerem pagamentos a países e comunidades pela manutenção de suas florestas.

Há como, por exemplo, criar florestas onde não havia ou plantar em pastagens degradadas, terras agrícolas ou corrompidas com mineração, por exemplo. Chama-se a este processo de florestação.

“Para combater os desertos ecológicos das monoculturas de árvores, o botânico japonês Akira Miyawaki desenvolveu um método completamente diferente de arborização. Suas extensas e densas parcelas de espécies nativas mostram que a florestação pode reduzir o carbono, ao mesmo tempo em que apoia a biodiversidade, atende às necessidades humanas de lenha, alimentos e remédios e fornece serviços aos ecossistemas como proteção contra inundações e secas”, diz o texto.

Como resultado, a redução de até 18,06 gigatons de CO2 até 2050.

O livro de Hawken é inspirador. Vale a pena ser lido por quem se preocupa com os rumos do aquecimento.

http://g1.globo.com/natureza/blog/nova-etica-social/post/novo-livro-mostra-cem-solucoes-que-podem-ajudar-evitar-o-aquecimento-global.html


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