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Reservatórios estão 40% abaixo da média de março

Com metade do nível máximo, represas do Sudeste e Centro-Oeste não atingiram a reserva média dos últimos três anos

Apesar das chuvas dos últimos meses, os reservatórios das hidrelétricas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste estão 40% abaixo da média de março dos três anos anteriores. No dia 17 deste mês, eles atingiram cerca de metade da capacidade máxima. Já a média para março de 2010 a 2012 foi de pouco mais de 80%. As duas regiões são responsáveis por 70% da capacidade de produção de energia com base em hidrelétricas do País.

Se as chuvas não foram suficientes para recuperar os níveis dos últimos anos, elas ajudaram a encher os reservatórios que estavam em situação crítica em dezembro. A represa de Furnas em Minas Gerais, uma das maiores do Brasil, subiu de 12% para 57% da sua capacidade máxima entre dezembro de 2012 e março deste ano. Em março dos três anos anteriores, contudo, Furnas já estava praticamente cheia – a média para o mês foi de 95% de 2010 a 2012.

A previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pela geração e transmissão de energia elétrica, é que os reservatórios continuem enchendo com as chuvas que estão previstas para ocorrer até o final de abril. “A expectativa é de que as chuvas sejam maiores no fim do mês de março e em abril”, diz o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp. Já a partir de maio é esperado o início de um período de estiagem.

Na média dos últimos três anos, os reservatórios da região atingiram capacidade máxima em abril – acima de 80%. Nos meses seguintes, marcados por períodos de estiagem, os níveis caíram progressivamente. O ponto mínimo foi em novembro, quando a capacidade registrada marcou pouco mais da metade do valor de abril.

Meta. Para garantir o abastecimento de energia em 2014, ano da Copa do Mundo, o ONS deve defender a meta de que o nível dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste atinja, em novembro de 2013, 47% do valor total, no mínimo. De acordo com Chipp, a proposta de meta vai ser apresentada pelo ONS na próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, que deve ocorrer nas próximas semanas.

O valor é equivalente ao registrado hoje – metade da capacidade máxima. Mas ainda há pela frente um curto período de chuvas e outro longo de estiagem, que podem mudar o panorama. O ONS não informou o nível mínimo que os reservatórios precisam atingir até o final das chuvas de abril para que possam atravessar a estiagem dos meses seguintes e fechar novembro com 47% da capacidade máxima.

A operação das usinas térmicas, que são mais poluentes, deve ser mantida durante todo o ano para aliviar as hidrelétricas e ajudar na busca pelo cumprimento da meta. “A expectativa é de continuar com um volume de uso das térmicas, para que seja possível atingir um nível-meta até o final de novembro”, afirma Chipp.

Segundo o diretor-geral do ONS, a situação atual dos reservatórios “não é motivo de preocupação” e não há “nenhum risco de racionamento de energia”, já que o abastecimento está sendo garantido com o apoio das usinas térmicas. “Hoje temos um volume de térmicas bastante razoável, que não tínhamos em 2001”, afirma, em referência ao racionamento ocorrido durante o governo FHC.

Se o nível-meta a ser proposto para novembro não for atingido, as térmicas podem continuar em operação em 2014 para garantir o abastecimento. Além de mais poluentes, elas são mais caras e parte do custo adicional pode ser repassado para o consumidor final.

A situação atual dos reservatórios é pior no sistema do Nordeste, que está com 42% da capacidade atual. Na região, o nível que deve ser proposto pelo ONS como meta para novembro é de no mínimo 35%. Já a Região Norte é a que está em melhor situação, com 85% da capacidade preenchida. No Sul, o nível é de 49%.

Itumbiara e Nova Ponte, ambas no Rio Parnaíba, em Minas Gerais, são as represas em pior situação, com cerca de dois quintos do nível máximo. Ainda assim, Itumbiara é, ao lado de Furnas, o reservatório que mais melhorou desde dezembro.

AMANDA ROSSI, ESTADÃO DADOS – O Estado de S.Paulo

Reservatórios estão 40% abaixo da média de março
Reservatórios estão 40% abaixo da média de março

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2 respostas para “Reservatórios estão 40% abaixo da média de março”

  1. Avatar de Hugo Siqueira

    ECONOMIA NO USO-FINAL DA ENERGIA
    As chuvas terminaram e os reservatórios atingem 2/3 da capacidade máxima. Não encheram, mas vão encher nos próximos anos com a utilização de térmicas na base. A inserção mais frequente de térmicas colocadas na base obriga hidroelétricas – agora em menor proporçãao – para a ponta, as quais produzem cada vez menos energia (mais potência em período curto). Assim, os reservatórios permanecem como uma reserva estratégica para ocasiões de extrema urgência.
    A participação de térmicas – que já é de 1/3 – em breve chegará a ½ a 1/2, com as térmicas na base e as hidroelétricas cada vez mais afastadas para a ponta.
    Hidroelétricas em menor proporção geram cada vez menos energia e, consequentemente, menor dependência dos reservatórios para manter a pequena vazão para firmar as hidroelétricas. O SIN se torna mais seguro com a garantia efetiva das térmicas, porem mais cara a energia pelo elevado custo das térmicas. Este é o preço que temos de pagar por termos um sistema ainda fortemente hidroelétrico.

    “As hidrelétricas sozinhas já não dão conta de atender a demanda do país. Já usamos termelétricas para complementar a oferta, mas o que precisamos agora é buscar térmicas com custo de combustível barato para fazer com que gerem durante todo o tempo, como fazem as hidrelétricas” (Altino Ventura).
    Diríamos que não só combustíveis mais baratos mas processos mais eficientes na produção e consumo de energia.
    Ou, como gastar menos com as térmicas rodando muito?
    Resposta: gastando de maneira mais eficiente no uso-final da energia.
    “já passou da hora do governo ser mais claro e alertar a todos que devemos tentar gastar menos, pois se for necessitar mais energia as térmicas vão ter de rodar a muito. Estaremos enganados?”
    US$ 1 trilhão é o potencial de redução de custos que as ações de eficiência energética podem gerar. O cálculo foi feito pela Associação Internacional de Energia, considerando 25 recomendações a serem adotadas pelos 28 países que fazem parte da organização.

    Como gastar menos com as térmicas rodando muito?
    Resposta: gastando de maneira mais eficiente no uso-final da energia. Ou, em outras palavras: produzir simultaneamente os dois tipos de energia: calor e trabalho.

    Os dois tipos de energia estão presentes em um mesmo processo de transformação. São inseparáveis: não se pode aperfeiçoar um negligenciando o outro.
    Exemplificando:
    – Se vamos instalar uma térmica à gás ela deve estar junto de outra convencional a vapor para reduzir o consumo de combustível fóssil, sem que precise ser desativada.
    – O próximo leilão de energia deverá incluir pelo menos três novas térmicas movidas a carvão. O mais correto é sejam usinas combinadas com térmicas a gás. Ambas produzindo energia com rendimento próximo de 60%, economizando o combustível da térmica convencional.
    – A geração distribuída por térmicas a gás junto às as antigas térmicas constitui um meio eficiente de economia no uso final com redução do consumo da energia no local onde é produzida.
    – indústrias que utilizam gás em “calor de processo” – concorrentes das usinas térmicas no consumo do gás – deveriam também produzir eletricidade e não apenas calor como por exemplo cimenteiras, cerâmicas, refratários, vidro, etc.
    – Hospitais, shopping-center, condomínios, fábrica de bebidas, etc. deveriam também produzir sua própria energia através de conjuntos combinados: geradores de reserva que produzem ao mesmo tempo calor e eletricidade.
    – Usinas de biomassa deveriam ser acopladas a pequenas térmicas a gás, tanto para reduzir o consumo da biomassa como produzir eletricidade.
    É preciso queimar etapas de uma complementação pura e simples que não chegou a se concretizar dada a singularidade do SIN e passar a uma etapa mais avançada de uso maior de termoelétricas.

  2. Avatar de Hugo Siqueira

    RESERVATÓRIOS CHEIOS E A ENERGIA DE PONTA
    Reservatórios quase cheios é a contingência natural do sistema que se torna cada vez mais hidrotérmico.
    “O acionamento das UTE durante todo o ano de 2013 indica que o novo paradigma hidrotérmico veio para ficar, o que exigirá um esforço muito grande da política e do planejamento energético, que terá que alterar práticas, ações, métodos e modelos computacionais”. Nivalde de Castro.
    Não só isso, diríamos, processos que levem em conta o aproveitamento integral do combustível na produção e consumo das 2 formas de energia: calor e eletricidade, que são indissociáveis. Não se pode aperfeiçoar um sem negligenciar o outro.

    A geração hidrelétrica de ponta também poderá ser aumentada pela construção de novas unidades geradoras em poços provisionados em algumas usinas hidrelétricas já existentes (5 GW segundo a Abrage), o que torna baixo os custos para o atendimento da demanda máxima do SIN.
    Isso gera uma expectativa atraente para os produtores do mercado livre dado que com tarifas maiores os produtores vão utilizar a grande quantidade de energia secundária para a produção sazonal de bens que a energia elétrica consegue produzir, tais como hidrogênio, lítio, por exemplo. Não só isso, alguns consumidores vão migrar para este novo mercado, com perda de clientes das concessionárias.

    Antes, eram térmicas a vapor de baixa qualidade técnica que garantiam ponta com combustível barato. O máximo do desperdício de energia. O tempo do combustível barato já passou.
    Agora, os papéis se invertem: são térmicas a gás combinadas que economizam combustível fóssil das antigas térmicas.

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