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Na medicina, não há conceito que esteja gravado em pedra - e vários estudos recentes questionam a regrinha de que, para manter a hidratação em níveis ideais, é necessário beber dois litros de água por dia

Não espere a sede

Uma vez que até mesmo os alimentos sólidos são fonte de fluidos para o corpo, deve-se beber água apenas quando se sente sede, propõem muitas dessas pesquisas. Médicos de várias especialidades consultados por Veja, no entanto, mantêm-se unânimes na sua rejeição a essa revisão: esperar pelo alerta físico é um equívoco, dizem eles. E, em alguns casos, pode ser decididamente perigoso.

“Quando o organismo pede água, é sinal de que ele já chegou ao limite. E, em pessoas de saúde mais frágil, atingir o limite é arriscado: nos idosos, por exemplo, a sede vem acompanhada de queda na pressão arterial”, explica o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo.

A hidratação adequada é essencial para a manutenção das funções básicas do organismo, concordam os profissionais de saúde. “Ela melhora o funcionamento intestinal, é um importante regulador da temperatura corporal e promove a revitalização das células, das mucosas e da pele”, explica a nutricionista Camila Mendes de Abreu, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Nem toda água é igual, porém. A seguir, os especialistas tiram dúvidas sobre a quantidade e também sobre a qualidade do que se bebe.

QUAL É A QUANTIDADE CERTA PARA CONSUMO DIÁRIO?
Esperar o alarme tocar não é o ideal. “A sensação de sede não é um sintoma normal: é um alerta de que o organismo está no limite”, explica o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni. Adultos devem beber entre 1,5 e 2,5 litros por dia, ou de seis a dez copos de água. “Essa quantidade varia de acordo com a idade, o IMC (índice de massa corporal), a temperatura ambiente e a rotina de atividades físicas”, diz Magnoni. Em suma, precisa se hidratar mais quem é mais pesado, vive em regiões quentes ou pratica exercícios. Fique atento: entram nessa conta não só a água pura e simples, mas todos os líquidos. Quem se empanturra de refrigerante, porém, está ingerindo também grandes quantidades de sódio e açúcar, o que está longe de ser saudável. Por isso, se for arredondar a soma com outras bebidas, prefira os chás e os sucos naturais, sempre sem adição de açúcar.

A PARTIR DE QUE IDADE OS BEBÊS PODEM TOMAR ÁGUA?

Até os 6 meses, quando a alimentação do bebê idealmente consiste só em leite materno, o consumo de água é desnecessário. “Quando forem introduzidos outros alimentos na dieta da criança, os pais podem oferecer água filtrada ou mineral no intervalo das refeições”, explica a pediatra Nilzete Bresolin, presidente do Departamento Científico de Nefrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Em média, calcula-se um consumo diário de 30 mililitros para cada quilo. Ou seja, uma criança que pesa 7 quilos deve beber cerca de 200 mililitros de água por dia.

HÁ DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS NA COMPOSIÇÃO DAS MARCAS DE ÁGUA MINERAL?
A composição físico-química da água é determinada pela fonte da qual ela é extraída. Bicarbonato, sódio, cálcio, potássio e magnésio são alguns dos elementos que a água adquire durante a infiltração no solo. E são eles que conferem sabor à (não tão insípida) água – cloreto e sódio dão um toque salgado, enquanto o sulfato empresta um leve amargor à bebida. As águas brasileiras, porém, são mais leves do que as europeias, por isso a diferença de sabor entre as marcas é praticamente imperceptível. “As formações geológicas no Brasil são mais antigas. Isso explica por que as rochas liberam menos elementos durante a passagem da água”, diz o hidrogeólogo Carlos Alberto Lancia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam).

O QUE DEVE SER OBSERVADO NO RÓTULO?
Os hipertensos devem ficar atentos à porcentagem de sódio, que, dependendo da marca, pode variar de cerca de 1 miligrama a 200 miligramas por litro. Como os brasileiros consomem 12 gramas de sal por dia, mais que o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (até 5 gramas diários), cortar o sódio da água é uma das medidas necessárias a quem sofre de hipertensão. Já quem tem propensão à formação de cálculos renais não deve se preocupar com a quantidade de cálcio: o consumo de água é, independentemente da porcentagem desse mineral, recomendado para aumentar o fluxo urinário e, assim, prevenir a formação das temidas pedrinhas.

O LÍQUIDO PRESENTE NOS ALIMENTOS SÓLIDOS TAMBÉM HIDRATA?
Legumes e frutas contêm, sim, bastante água, mas não o suficiente para repor integralmente as perdas com transpiração, urina e outras atividades vitais. “A água proveniente dos alimentos representa menos de 20% da hidratação diária necessária”, diz a nutricionista Camila Mendes de Abreu. Segundo ela, ingerir água é fundamental para o intestino, a temperatura do corpo e a recomposição celular. Além disso, a boa hidratação favorece a circulação sanguínea e ajuda a prevenir infecções urinárias e a expectorar resíduos pulmonares – razão pela qual é particularmente importante quando se está gripado ou resfriado.

ÁGUA COM POUCO SÓDIO AJUDA A REDUZIR INCHAÇOS?
Sim, desde que o sódio seja eliminado de toda a dieta, e não apenas da água. Quem deixa de ingerir sódio durante três dias consecutivos pode “perder” entre 2 e 3 quilos de peso corporal. “Mas não se trata de perda de massa gorda. O que acontece é que a perda de líquidos ocasionada pela falta de sódio reduz a distensão da alça abdominal e dá a sensação de emagrecimento”, diz Daniel Magnoni. Mas o efeito, ressalta o médico, dura apenas enquanto o consumo de sódio estiver suspenso.

POR DENTRO DOS PURIFICADORES
Em tese, a água distribuída pelas redes públicas dos centros urbanos chega perfeitamente potável às residências. Para que isso aconteça, entra em cena um eficiente agente bactericida. “O cloro é indispensável para evitar a proliferação de bactérias”, explica Reinaldo Bazito, professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Em contrapartida, ele confere odor e sabor ruins à água. Além disso, no trajeto até a torneira a água pode adquirir resíduos sólidos, como partículas de ferrugem e limo – principalmente em residências e prédios cuja tubulação é antiga. Para remover as impurezas, os filtros e purificadores são fundamentais. A seguir, o que as tecnologias associadas a esses produtos oferecem.
Para remover partículas e cloro
O carvão ativado retém os resíduos sólidos de ferrugem e lodo que podem se desprender de tubulação antiga e reduz também a concentração de cloro na água. É um componente indispensável: está presente nos modelos mais simples, como o bom e velho filtro de barro, e nos purificadores de parede mais avançados. A manutenção deve ser feita apenas com uma escova limpa e macia – nada, portanto, de usar produtos químicos -, e a troca deve seguir os prazos recomendados pelos fabricantes. “Com o tempo, o carvão atinge um ponto de equilíbrio químico e para de absorver o cloro”, explica Bazito.
Para matar bactérias
A membrana de fibra oca e os raios ultravioleta são os métodos de controle bacteriológico mais comumente encontrados nos purificadores de água. A primeira é composta de fibras porosas centenas de vezes mais finas que um fio de cabelo, que retêm as bactérias durante a passagem da água; já a cortina de raios UV destrói os microrganismos. Trata-se de métodos indicados para quem vive em cidades onde a qualidade da água é ruim, ou em edifícios e residências em que a conservação das caixas d¿água e da tubulação é inadequada.

GALÃO SEM RISCOS
Quem prefere abastecer a casa ou o escritório com galões de 10 ou 20 litros deve tomar alguns cuidados. Quanto mais veloz é o consumo, menor é o risco de surgimento de algas – que pode ocorrer em um prazo de apenas dois dias se o galão for mantido em local inadequado. “Ele não deve ficar em contato com a luz (incluindo-se aí a luz branca artificial). Quando armazenado em locais iluminados, como ao lado de janelas, o recipiente pode ganhar um tom esverdeado, indício de proliferação de algas”, diz a química Maria Anita Scorsafava, pesquisadora da seção de água do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. E atenção: os galões têm validade de três anos. A partir daí, as microrranhuras que se formam no recipiente comprometem a higienização, e ele deve ser tirado de circulação. “E não aceite galões com lacre violado ou sem o rótulo com informações sobre a proveniência da água”, diz Carlos Alberto Lancia, presidente da Abinam.

FILTRO PARA VIAGEM
Acabou a água mineral? A sede apertou, mas a água ainda goteja lentamente no filtro de barro? As garrafas com filtro embutido são práticas e removem o cloro e as impurezas da água em segundos. Para quem passa as férias em uma casa de temporada sem purificador de água, elas também são uma mão na roda. Há desde os modelos maiores, que comportam até doze copos, até as garrafinhas individuais, que podem ser levadas à academia, à escola ou ao parque. Para que o truque funcione, porém, o refil dos filtros deve ser trocado a cada dois ou três meses.

Preços: de 30 reais (garrafas menores) a 150 reais (jarras maiores)

Empresas consultadas: Lorenzetti, Europa, Ibbl, 3M e M.Cassab.

Fonte: Veja.com

Na medicina, não há conceito que esteja gravado em pedra - e vários estudos recentes questionam a regrinha de que, para manter a hidratação em níveis ideais, é necessário beber dois litros de água por dia
Na medicina, não há conceito que esteja gravado em pedra – e vários estudos recentes questionam a regrinha de que, para manter a hidratação em níveis ideais, é necessário beber dois litros de água por dia

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