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Mercado voluntário de carbono sobrevive em meio à crise

Os mercados voluntários de carbono, mesmo sendo em menor escala do que os esquemas compulsórios, sempre foram grandes fomentadores de abordagens e projetos inovadores, trazendo novas ferramentas e perspectivas ao cenário mundial de corte de emissões de gases do efeito estufa.

A Pesquisa dos Mercados Voluntários de Carbono 2012, produzida pelas revistas Environmental Finance eCarbon Finance e divulgada nesta quarta-feira (11), demonstrou que o sentimento em relação ao ambiente voluntário para projetos de carbono escapou do pessimismo que toma conta dos esquemas sob o Protocolo de Quioto.

Ainda que a crise econômica, que já em 2009 impactou significativamente o mercado voluntário, e as perspectivas nebulosas no cenário internacional de discussão sobre as medidas para mitigaras mudanças do clima tenham reduzido em muito a demanda no cenário paralelo à Quioto, as empresas mostram que não estão abandonando o mercado.

“O mercado ainda não está nem perto da atividade que tinha antes da crise financeira, mas tem renascido das profundezas”, comentou Lenny Hochschild, da empresa de corretagem norte-americana Evolution Markets, que ficou classificada na pesquisa como a melhor firma do seu ramo.

Pelo terceiro ano seguido, a Markit, empresa de serviços no setor de informações financeiras, foi escolhida pelos leitores das duas revistas como Melhor Fornecedora de Registro. A Markit lista quase 70 milhões de créditos (mercados de carbono, água e biodiversidade) abrangendo 20 padrões e programas em mais de 50 países.

Apesar de transações que comumente batiam 250-300 mil toneladas de CO2e nos anos anteriores ficarem em torno de apenas 10-20 mil toneladas em 2011, segundo Luca Bertali, corretor da TFS Green, há indicativos de que o mercado está segurando as pontas, reportou a Environmental Finance.

A Markit registrou um aumento na emissão de alguns certificados em 2011: de 27,3 milhões para 27,8 milhões de créditos sob o Verified Carbon Standard (VCS). Os preços no mercado de balcão também conseguiram se manter, com os créditos Gold Standard entre US$ 9,3-US$13,3/t CO2e (€7-10/t CO2e) dependendo do volume adquirido, comentou John Davis, da CF Partners.

Porém, Hochschild comentou que o valor dos créditos VCS mais comuns continuam na faixa de US$ 1,5-US$ 3/t.

“Vimos um crescimento em 2011. Com a economia melhorando, as pessoas estão começando a comprar novamente”, pondera Kathy Benini, chefe de mercados ambientais da sede de Nova Iorque da Markit.

A South Pole Carbon Asset Management foi eleita a melhor desenvolvedora de projetos e terceira melhor consultoria, a Vitol foi escolhida como melhor negociadora, a Baker &McKenzie ficou como melhor firma de advocacia, a First Environment liderou as empresas de verificação e a Carbon Neutral Company foi eleita melhor fornecedora de compensações. VCS, Gold Standard e American Carbon Registry ocuparam, respectivamente, a primeira, segunda e terceira posições na categoria Melhor Padrão.

Tendências

Alguns ganhadores da pesquisa ressaltaram o interesse pela compensação de emissões em países em desenvolvimento, como o Brasil, segundo a Environmental Finance.

“Nossos escritórios no Rio de Janeiro e Deli têm trabalhado com uma série de clientes de indústrias de relativo peso, que estão compreendendo o que as mudanças climáticas e sustentabilidade significam para seus negócios”, comentou Craig Ebert da ICF.

Segundo a Environmental Finance, muitas empresas estão desenvolvendo programas para a compensação de emissões: “O impulso inicial [para compensar emissões] está evoluindo para programas mais aprofundados e integrados”, comentou Jonathan Shopley, da CarbonNeutral Company, completando que a tendência que ele vem acompanhando é a evolução para a análise do “carbono nos produtos, serviços e na cadeia de fornecedores”.

Empresas como a Climate Care estão olhando para além das fronteiras do carbono e buscando doadores para financiamento dos co-benefícios de projetos. É citado o exemplo de um projeto para substituição de fornos na África que também resulta em benefícios como a redução da incidência de pneumonia.

Quanto à permanência dos chamados “cowboys do carbono” no mercado voluntário, especialmente em se tratando de projetos de REDD, Bertali, da TSF Green, enfatiza que gostaria de ver o setor regulado, lamentando: “interpretações errôneas e vendas falsas… os créditos voluntários não deveriam ser vendidos como um veículo de investimentos”.

Autor: Fernanda B. Müller   –   Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Environmental Finance/Carbon Finance

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