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Investimentos em renováveis atingem US$ 260 bi em 2011

Se o ano de 2011 não foi bom para a economia mundial, o mesmo não se pode dizer para o setor de energias renováveis. Embora o crescimento tenha sido muito mais tímido no último ano (5% entre 2010 e 2011) do que no período anterior (30% entre 2009 e 2010), ainda assim houve um aumento considerável desta indústria, que chegou aos US$ 360 bilhões, atingindo cinco vezes mais investimentos do que em 2004.

“Os números recordes de investimento para 2011 são particularmente impressionantes porque foram atingidos durante um ano turbulento para a economia mundial em geral e para o setor de energia limpa em particular”, aponta o relatório desenvolvido pela Bloomberg New Energy Finance, empresa de consultoria de mercado.

“A indústria sofreu pressões severas nas margens de lucro dos fabricantes, uma queda acentuada nos preço das ações, algumas bancarrotas notáveis, cortes no apoio subsidiário do governo europeu e uma redução na disponibilidade de financiamentos bancários”, explicou o documento.

Os dados revelam que os Estados Unidos voltaram ao primeiro lugar como país que mais investe nas energias renováveis. Os financiamentos do país no setor alcançaram os US$ 55,9 bilhões, subindo 33%. “A notícia de que os EUA voltaram para a liderança no investimento em energia limpa no último ano tranqüilizará aqueles que temiam que a nação estivesse ficando atrás de outros países”, comentou Michael Liebreich, diretor executivo da Bloomberg.

Apesar disso, a análise sugere que o aumento dos investimentos nos EUA foi impulsionado principalmente pela intenção das empresas norte-americanas de incluírem seus projetos no Programa Federal de Garantia de Empréstimos e outros planos de subsídios do governo antes que estes expirassem, o que está planejado para acontecer no final de 2012.

“A principal medida de apoio restante no país para energias renováveis, o Crédito Fiscal de Produção, está programado para cair no final de 2012, a menos que seja estendido. Pode haver uma corrida para concluir os projetos em 2012, seguida por uma queda no investimento em 2013 se ela expirar”, observou Liebreich.

A China ficou em segundo lugar em investimentos renováveis em 2011, crescendo 1% e batendo na casa dos US$ 47,4 bilhões. Na Europa, os financiamentos chegaram a US$ 100,2 bilhões, com um crescimento de 3%.

Além da China, outros países emergentes, como a Índia e o Brasil, também tiveram um aumento nos financiamentos renováveis, de 52% (atingindo US$ 10,3 bilhões) e 15% (alcançando US$ 8,2 bilhões), respectivamente. “[Os emergentes] precisam de mais geração de energia e não querem necessariamente que seja o carvão”, declarou Ethan Zindler, diretor de análise política da Bloomberg, ao jornal The Guardian.

Outro relatório, do grupo de assessores de mudanças climáticas do Deutsche Bank, confirmou o crescimento nos investimentos renováveis em 2011, e apresentou a cifra de US$ 140 bilhões nos primeiros nove meses do último ano, contra os US$ 103 bilhões no mesmo período de 2010.

Os menos e os mais de 2011

A grande estrela dos investimentos renováveis em 2011 foi a energia solar, que atingiu US$ 136 bilhões, um salto de 36% em relação a 2010. Os biocombustíveis também tiveram um pequeno aumento, de US$ 8,6 bilhões para US$ 9 bilhões.

“O desempenho do [setor] solar é ainda mais notável quando você considera que o preço dos módulos fotovoltaicos caiu em cerca de 50% durante 2011, e agora está 75% menor do que há três anos, na metade de 2008. O custo da tecnologia PV caiu, mas o volume de PV vendido aumentou muito mais à medida que se aproximava da competitividade de outras fontes de energia”, analisou o diretor executivo da Bloomberg.

Já outros setores da indústria renovável foram eclipsados pelos obstáculos da recessão financeira. A energia eólica, por exemplo, segundo setor que mais recebeu investimentos na indústria renovável, com US$ 74,9 bilhões, teve uma queda de 17% em seus financiamentos em relação a 2010.

Com a queda dos preços das turbinas eólicas e a concorrência dos produtos chineses, algumas fabricantes ameaçam reduzir sua produção e demitir até 10% de seus empregados para tentar competir no mercado.

E segundo Zindler, o término gradual de alguns planos de subsídios e de recuperação econômica podem afetar as perspectivas para o setor também em 2012.“A maioria desses dólares já foi gasta agora. O que isso significa é que no próximo ano a indústria terá que ser mais competitiva e mais eficiente sem o apoio do governo”, afirmou.

O setor de smart grids, que inclui armazenamento de energia, eficiência energética e tecnologias avançadas de transporte e foi o terceiro que mais recebeu investimentos, também teve uma queda de 17%, atingindo US$ 19,2 bilhões. Já o de biomassa caiu 18% para US$ 10,8 bilhões, o geotérmico de US$ 3,2 bilhões para US$ 2,8 bilhões, o de pequenas hidrelétricas resvalou 25% para US$ 3 bilhões e o de energia marinha se manteve com US$ 0,3 bilhões.

Apesar das conturbações nesses setores, Liebreich acredita que não há motivo para preocupações excessivas. “2012 parece ser outro ano desafiador, com a crise financeira europeia continuando a prejudicar, e a cadeia de suprimentos planejando uma forma de sair de um terrível excesso de capacidade. Mas rumores sobre a morte da energia limpa foram muito exagerados”, ponderou.

“No geral, 2011 foi um ano melhor para a indústria de energia limpa do que a cobertura da imprensa levaria alguém a acreditar. Estamos vendo uma nova geração de tecnologia começando a atingir o mercado, e estamos esperando anúncios importantes de algumas das maiores companhias de energia e engenharia do mundo à medida que elas se aproveitam das atuais condições de mercado para se estabelecerem no setor”, concluiu o diretor executivo.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

Aumento no financiamento de projetos de energia limpa chegou a 5% no último ano, impulsionado principalmente pelo crescimento do setor solar; EUA voltam ao primeiro lugar de país que mais investe nessa indústria e desbancam China

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