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Europeus buscam saídas para queda do preço do carbono

A lógica por traz do Esquema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU ETS) não é difícil de entender. Simplificando, cada indústria possui cotas para a liberação de gases do efeito estufa e, caso ultrapasse esse limite, deve comprar créditos de carbono gerados por projetos que reduzem as emissões. Assim, uma siderúrgica italiana, por exemplo, pode se ver obrigada a ter que buscar por melhores tecnologias para deixar sua produção mais limpa, ou ter que recorrer ao mercado de carbono para compensar suas emissões.

Acontece que para esse tipo de ferramenta funcionar é preciso que o preço dos créditos seja significante. Se forem muito baratos, nenhuma indústria vai se sentir pressionada a tornar sua produção mais limpa. Por isso, é tão preocupante a queda do preço do carbono que aconteceu nesta semana.

A desvalorização veio depois do anúncio da Comissão Europeia de que as emissões do bloco caíram 2,6% em 2011, resultado da recessão econômica que diminuiu a produção industrial. A queda das emissões significa que a demanda por créditos também tende a diminuir e o problema de excesso de permissões no mercado deve se agravar.

Assim, o valor dos créditos com vencimento em dezembro de 2012 caiu para €6,05 na última terça-feira (3), bem abaixo do recorde mínimo anterior, que era de €6,30. Para se ter ideia, há exatamente um ano as permissões de emissão na União Europeia (EUAs) estavam sendo negociadas na faixa dos €17.

Diante disso, ministros do Meio Ambiente dos países que formam a União Europeia vão se reunir no próximo dia 19 para debater como fortalecer o mercado.

“Discutiremos a questão do preço e como podemos lidar com essa situação”, explicou Isaac Valero-Ladrón, porta-voz da Comissão Europeia.

“O EU ETS possui dois objetivos principais: reduzir as emissões e oferecer um preço que estimule decisões de investimentos em tecnologias limpas. Enquanto o primeiro tem sido atingido, o segundo está em risco atualmente”, explicou uma carta da presidência da União Europeia, que está sendo ocupada pela Dinamarca.

Ainda em março do ano passado, a Comissão Europeia propôs que uma quantidade de permissões fosse retirada da terceira fase do EU ETS para preservar a integridade ambiental e os preços do esquema.

“Continuamos acreditando nessa ideia, mas em termos concretos ainda precisamos esperar que o debate sobre a questão da diretriz da eficiência energética do bloco seja concluído”, afirmou Valero-Ladrón.

Para o ministro do Clima e Energia da Dinamarca, Martin Lidegaard, existem outras duas saídas além de retirar permissões do mercado. Uma seria estabelecer metas de redução de emissões para além de 2020 e a outra é a adoção de um preço mínimo para os créditos.

“Não quero ficar centrado em nenhuma dessas alternativas, apenas estar aberto para todas as opções. O primeiro passo é saber se os países concordam que estamos com um problema no EU ETS. Se chegarmos a este consenso, então poderemos discutir qual a melhor maneira de fortalecer o mercado”, declarou Lidegaard.

Quem não tem dúvidas de que o EU ETS está com problemas é a ONG WWF, que pediu medidas urgentes para restaurar a confiança no mercado.

“Reter permissões em excesso deve ser considerado já em curto prazo. Além disso, é preciso estabelecer limites mais rigorosos para as emissões das indústrias”, afirmou Jason Anderson, chefe de políticas climáticas e energéticas do escritório europeu do WWF.

Para Per Lekander, analista da consultoria UBS, é improvável que qualquer medida seja posta em prática ainda neste ano.

“Acreditamos que as regras do EU ETS permanecerão as mesmas nos próximos meses e que assim existe grande possibilidade do carbono chegar a valer apenas €3”, disse Lekander à agência Reuters.

A queda dos preços já está afetando as empresas que trabalham diretamente com o EU ETS, com algumas delas realocando ou demitindo funcionários. De acordo com a Reuters, a EcoSecurities, desenvolvedora de projetos de redução de emissões, teria dispensado cerca de 25% de seus empregados nesta semana.

Autor: Fabiano Ávila   –   Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais

Ministros se reunirão no próximo dia 19 para discutir o que fazer para fortalecer o Esquema de Comércio de Emissões da União Europeia, que nesta semana registrou créditos sendo negociados a apenas €6,05, o menor valor da história

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