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Eleições não ameaçam acordo climático, afirma ONU

A mudança este ano na liderança de algumas das nações mais poluidoras do mundo não deve minar os avanços em direção ao estabelecimento de um novo acordo climático compulsório até 2015, disse a chefe climática das Nações Unidas na quarta-feira.

Este ano pode apresentar uma mudança total de líderes políticos em grandes emissores de gases do efeito estufa, como Estados Unidos, Rússia, China e Japão.

As eleições presidenciais norte-americanas em novembro podem resultar na tomada de controle pelo partido Republicano, desencadeando especulações sobre a continuidade dos avanços alcançados até agora para incluir o segundo maior emissor mundial em um acordo climático compulsório.

Alguns republicanos têm deixado bem claras as suas posições em relação à ciência e política das mudanças climáticas e têm ampliado esforços para acabar com as tentativas nacionais para a proteção ambiental.

“A escolha entre o tipo de liderança que deseja para o próximo mandato é do eleitorado norte-americano. Não apenas os EUA, mas também outros países industrializados estão passando por mudanças significativas de líderes”, comentou Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, em inglês), em uma entrevista à Reuters.

“Veremos sangue novo entrando em cena, esperamos novos pontos de vista e comprometimento revigorado com um tópico que não é partidário”, completou.

Em dezembro passado, quase 200 países concordaram em Durban, África do Sul, com a elaboração de um novo acordo até 2015 forçando todos os países a limitar as emissões de gases do efeito estufa, entrando em vigor em 2020.

Eles também concordaram em estender em mais cinco ou oito anos o atual período de compromisso do Protocolo de Quioto a partir de 2013, visando garantir que não haja uma brecha regulatória entre os tratados climáticos.

Um dia após as discussões, o Canadá se retirou de Quioto, dando um golpe simbólico ao tratado, mas segundo Figueres, a decisão não prejudicaria as discussões globais para o novo acordo neste ano.

“É como se todos os cavalos de corrida estivessem atrás dos portões de início e um se solta. A perda daquele cavalo apenas adiará a transformação econômica dele mesmo e o tornará menos competitivo no futuro”, disse ela.

Trabalho a fazer

Críticos disseram que o resultado de Durban não era forte o suficiente para reduzir o aquecimento global, já que muitas decisões foram adiadas e 2020 poderia ser tarde demais para cortar as emissões.

“Durban não resolveu o problema das mudanças climáticas, mas nenhuma conferencia isolada o fará”, ponderou Figueres.

Os países têm muito trabalho pela frente este ano, já que a segunda fase de Quioto começa em 1 de janeiro de 2013.

“Neste ano, os países se deram a série de tarefas mais longa e ambiciosa. Alguns chamam de um ano ‘administrativo’, mas eu digo que é o ano para fazer a base de trabalho necessária para permitir que os países entrem em discussões construtivas para o novo instrumento jurídico”, enfatizou Figueres.

Neste ano, os países terão que determinar se a segunda fase de Quioto deve durar cinco ou oito anos, iniciar conversas sobre o novo acordo jurídico e traduzir seus compromissos de cortes de emissões em reduções reais.

“Já que a segunda fase começa em 1 de janeiro de 2013, temos que definir a duração neste ano, obviamente que o quanto antes, melhor.”

Os países também têm que construir a infraestrutura para auxiliar as nações em desenvolvimento a lidar com as mudanças do clima, incluindo o estabelecimento de um fundo verde para oferta de recursos, entre outras coisas.

Em algum ponto, eles também precisarão detalhar a forma jurídica do novo acordo, cuja linguagem foi deixada muito vaga em Durban com três opções diferentes, mas este não deve ser o foco dos trabalhos neste ano.

Traduzido por Fernanda B. Muller, Instituto CarbonoBrasil
Leia o original (inglês)

Fonte: Reuters


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