A nova versão do rascunho zero, documento base das discussões da alta cúpula da Rio+20, foi divulgada na sexta-feira, 25 de maio, pela organização da Cúpula dos Povos. O documento foi distribuído apenas para os grupos negociadores das Nações Unidas (estados-membros, ONGs e Major Groups), o que levou a divulgação pública do texto, chamada de “espírito Wikileaks”, além de iniciar uma série de divulgação denominada Rio+Leaks.
A versão do documento veio à tona, segundo o comunicado, em razão de a Cúpula considerar que “todas as versões do ‘rascunho zero’ – intitulado O futuro que queremos – são de interesse público e ajudam a entender os jogos de poder e os interesses que circulam nos debates a portas fechadas na sede da ONU, em Nova York”.Apenas a primeira versão foi divulgada integralmente ao público.
Esta última versão do documento, com 80 páginas em inglês, foi formulada após uma rodada de negociações informais realizada no início de maio e está datado no dia 22.
Argumentos
Membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, a antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), ressaltou em entrevista à Cúpula dos Povos, que o documento têm uma linguagem mais amena do que nas versões anteriores.
Além disso, a especialista afirma que os itens com maior probabilidade de consenso (destacados no documento com a frase Agreed ad ref) são justamente os pontos mais vagos. “São expressos por palavras como ‘reafirmamos’, ‘reconhecemos’, ‘convidamos’, ‘sublinhamos’, ‘enfatizamos’ etc. Qualquer um que ler esses pontos vai concordar: ninguém se sente ameaçado”, opina.
Outro destaque do novo documento é a apresentação das Metas de Desenvolvimento Sustentável (SDGs, na sigla em inglês). Porém, não há menção ao modo como elas deverão ser implementadas. “Nenhum SDG é mandatório: há apenas propostas, sugestões e ideias que ficarão a cargo dos países implementar ou não”, critica Iara.
Fonte: EcoD
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