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Réplica à Carta Aberta sobre o “Rio Hamza” _ enviada por Prof. Dr. Valiya M Hamza ( ON/MCT)

Agradecemos aos Professores Celso Dal Rey Carneiro, Eduardo Salamuni, Luiz Ferreira Vaz e Heinrich Teodor Frank e com apoio declarado da FEBRAGEO (abreviado aqui como CSVFF) pelos comentários. Isso abre oportunidade para esclarecer mais uma vez as questões referentes ao fluxo subterrâneo na região Amazônica.
O trabalho de Pimentel e Hamza (abreviado aqui como PH) apresentado no último Congresso da Sociedade Brasileira de Geofísica não trata de provas diretas sobre a existência de um “rio” subterrâneo. Apresenta indícios de um fluxo subterrâneo na região Amazônica. Não utilizamos o termo “aqüífero”, pois isso implica uma região onde se acumula a água subterrânea e que permanece em estado relativamente imóvel. Caso ocorra movimentos de recarga natural nos aqüíferos também deverá ter zonas de descargas naturais. Os dados analisados por PH não apontam um aqüífero com águas estacionárias, mas um pacote sedimentar onde há fluxos de recargas verticais em toda extensão da calha Amazônica. Essa observação implica em fluxos laterais na parte basal das bacias sedimentares desta região. O trabalho se baseia em grande parte nos dados adquiridos pelo PETROBRÁS e o modelo hidrogeológico utilizado é consagrado na literatura relevante. Esse método já foi utilizado nos estudos de movimentos de águas subterrâneas em dois locais no Brasil e os resultados foram publicados em revistas científicas conceituadas.
A divulgação na mídia nacional sobre “Rio Hamza” não foi por iniciativa dos autores PH. Decorreu inicialmente como parte de divulgação das atividades científicas institucionais. A rede internet e os meios de comunicação em massa se encarregam com divulgação de cunho popular, sendo que há exageros e erros. Um exemplo é a citação sobre a vazão do Rio Amazonas como sendo 133m3/s em vez de 133.000m3/s.
O primeiro parágrafo dos comentários de CSVFF dispensa resposta, pois trata de assuntos elementares de livros texto. O segundo parágrafo começa com afirmação em nome da “ciência geológica Brasileira”, implicando que CSVFF já tomaram posse desta área científica. Não há indícios de que a divergência de opinião é unanimidade entre os integrantes de toda Sociedade Geológica Brasileira. É provável que esteja restrito aos grupos menos esclarecidos. De qualquer forma, deixamos esse assunto para comentários da Sociedade Brasileira de Geologia.
Os demais comentários de CSVFF giram em torno de opiniões e convicções pessoais dos autores sobre questões semânticas. Não houve questionamentos sobre o mérito científico do trabalho de PH (base de dados utilizada, modelo hidrogeológico e técnica de interpretação). Sugerimos que CSVFF publicassem os seus resultados em revistas com arbitragem científica, em vez de contentar com comentários de blogs.
O termo “RIO” possui mais de 37 definições na literatura. É utilizado para referir se á passagem do tempo (como rio de eventos), jogos de baralhos (rio da quinta cartada), riqueza (rio de dinheiro), medicina (rio de sangue), vulcanologia (rio de lavas) e hidrologia (rios de águas pluviais na superfície terrestre), entre outros.
A tentativa de CSVFF de associar o uso do termo “rio subterrâneo” exclusivamente ao fluxo de águas nas cavernas aponta conhecimento geológico limitado sobre o assunto. O uso do termo “absolutamente incorreto” aponta falta do devido rigor científico nas afirmações de CSVFF. Opiniões dessa natureza são conhecidas no meio científico como a do “Sapo do Poço”.
Há três modos de transporte de umidade na região amazônica, descritos como rios voadores ou atmosféricos (depende das condições atmosféricas e padrões climáticas), rios da superfície (decorrente de drenagem pluvial) e rios subterrâneos (fluxo de águas em meios geológicos permeáveis).
As questões sobre salinidade não foi tratada no trabalho de PH, pois não realizamos análises químicas das águas e estudos geoquímicos. Este é assunto de pesquisa também em hidrogeologia. CSVFF declara que as águas profundas na região Amazônica é salmoura. Na ausência de citações de trabalhos científicas ou evidencias diretas consideramos que essa declaração é derivada de convicções pessoais, sem fundamento científico.
Salmouras surgem nos meios geológicos como conseqüência de tempos de permanecia de águas no meio poroso maior que o tempo necessário para ocorrência das reações químicas de dissolução. No caso de águas em movimento, o tempo curto de permanência dificulta as reações químicas de dissolução. Por esta razão, as águas profundas em movimento no meio geológico apresentam salinidades relativamente menores.
Na região de Foz do Amazonas há indícios de duas zonas de baixa salinidade. A primeira é situada relativamente próxima á área costeira e é decorrente da mistura de águas pluviais com a do mar. Apresenta altos teores de sedimentos em suspensão, transportados pelo Rio Amazonas. Na borda externa dessa zona os teores de sedimentos em suspensão são significativamente menores, apesar da presença de águas de baixa salinidade. Uma das hipóteses prováveis é a contribuição de fluxo subterrâneo nas porções mais distantes do talude continental.
Apesar da declaração ao contrário os comentários dos parágrafos finais de CSVFF configuram como irresponsáveis no meio científico, pois não abordaram as questões científicas tratadas no trabalho de PH.

Prof. Dr. Valiya M Hamza (ON/MCT)

A descoberta desse novo curso de água é fruto do trabalho de doutorado de Elizabeth Pimentel, sob orientação de Valiya Hamza. Ela indica que o rio teria 6 mil quilômetros de comprimento e entraria no Oceano Atlântico pela mesma foz, que vai do Amapá até o Pará. A descoberta foi feita a partir da análise de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980. Fonte : Varal de Idéias

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3 respostas para “Réplica à Carta Aberta sobre o “Rio Hamza” _ enviada por Prof. Dr. Valiya M Hamza ( ON/MCT)”

  1. Avatar de Marcelus Glaucus
    Marcelus Glaucus

    O fato é claro. Não há evidências científicas apontadas pelo Sr. Hamza que há fluxo lateral, que há comunicação contínua entre os poços e que não há barreiras hidraulicas em toda a extensão (6.000 km) do aquifero Alter do Chão.

    É uma irresponsabilidade tais assertivas e DESAFIO ao Hamza a submeter este mesmo artigo a qualquer períodico arbitrado nacional ou internacionalmente.
    Peço que as considerações de revisores sejam apontadas aqui ou qualquer oputro fórum.

    Atenciosamente,

    Marcelus Glaucus de Souza Araújo
    Geólogo/Geofísico.

  2. Avatar de Geólogo Argemiro Garcia, Febrageo

    Na verdade, não questionamos o trabalho científico de Pimentel & Hamsa, pois realmente, para isso, seria preciso analisá-lo à luz da Geofísica. Apenas criticamos o seu título, com o uso equivocado da palavra “rio” em um artigo científico, e as afirmações veiculadas pela imprensa nacional e internacional, bem como os blogs. Infelizmente, parece que o Prof. Hamsa as referenda. Não caberia, mesmo, um “artigo científico” publicado em revista científica para contestar o “rio de equívocos” que se espraiou por jornais e sites. Tais equívocos são tão evidentes que nos pautamos, sim, em conhecimento básico de Geologia, tanto que ele mesmo admite que o primeiro parágrafo se baseia em livros didáticos – diga-se de passagem, uma boa fonte para conhecimento básico.

    O que o Prof. Hamsa pede – que nós, autores do texto, façamos outra pesquisa para contestar a história do “rio” – seria algo como exigir que alguém publicasse um artigo científico para afirmar que a Terra gira em torno do Sol! Dizer que não há estudos científicos para comprovar que a água a 4 mil metros é salmoura é outro equívoco, pois justo a Petrobras, com a qual ele obteve os dados de seu estudo, tem por premissa básica o “gradiente de salinidade” das bacias em que trabalha.

  3. Avatar de Carlos
    Carlos

    Primeiramente, em respeito, o nome da Petrobras ou PETROBRAS não é acentuado, como o Sr excelentíssimo pronuncia/escreve.
    E como dicas:
    -Procure falar a mesma língua: “Não utilizamos o termo “aqüífero”, pois isso implica uma região onde se acumula a água subterrânea e que permanece em estado relativamente imóvel”, na sequência: “Os dados analisados por PH não apontam um aqüífero com águas estacionárias, mas um pacote sedimentar onde há fluxos de recargas verticais em toda extensão da calha Amazônica” e mais adiante, declara: “Uma das hipóteses prováveis é a contribuição de fluxo subterrâneo nas porções mais distantes do talude continental.”

    Minha vovozinha de 91 anos acredita que um aqüífero ou um lençol dágua, é uma câmara “secreta”, onde só existe água, assim como ainda existam leigos que acreditem que um poço quando atinge um lençol freático, é sinal que atingiu uma camada de pura água.

    Porem, contudo, no trabalho, entrevistas, e respostas, retiramos a essência das declarações: há recarga, há descarga, há fluxo, a velocidade é baixíssima -> 100 metros por ano (aqüífero também tem fluxo nestas ordem), essa água toda está dentro de rochas sedimentares (declarado pacote sedimentar – aquifero não é a mesma coisa?), permeáveis, porem, isto não é um aqüífero, como declara o Dr autor/orientador. Talvez, devemos virar todas as ciências de cabeça para baixo em nome da quebra de paradigmas descobertos pelos autores.

    Para descontrair:
    O tema rios voadores, é descrito pelo “criador”, como um modo poético para descrever a circulação de água na atmosfera. Seria fora do comum e hilário, as diversas apresentadoras de jornais da televisão brasileira ou mesmo internacional, e outros veículos de comunicação que divulgam as previsões do tempo, utilizar o termo rio voadores para descrever as frentes e massas de ar úmidas, secas, quente e frias: Na região sul, poderá haver temporais devido ao choque de dois rios voadores, um rio voador quente e úmido proveniente da Amazônia, e que durante esta semana causou muita chuva na região sudeste e centro-este. Do sul, o rio voador frio e seco, proveniente da Argentina, deixou o clima gelado nos últimos dias. O choque entre estes dois rios voadores, podem provocar tormentar e ventos de até 180km/h, com possibilidade de granizo. Na segunda feira, um rio seco, deve deixar o tempo limpo e ensolarado por toda a semana.

    O autor, tenta de toda forma, levar o assunto para o lado pessoal, dizendo que não existem provas sobre alta salinidade, temas geológicos consagrados e desafiando os menos esclarecidos (então autores da carta) a fazerem buscas cientificas, no entanto, não se desmereceu a técnica e métodos aplicados aos estudos, sendo muito louvável tudo e qualquer estudo em geotermia, e modelagem de fluxos, reservatórios ou comportamento de líquidos em meio poroso, assim como a continuidade, recarga e descarga, porem, espera-se que pesquisadores e cientistas, usem termos consagrados pela ciência, seja nacional ou internacional, e não temas de cunho poético, como o próprio autor de “os rios voadores”, descreve.

    Hipóteses, e indícios, seriam nestes casos, opiniões, palpites e elucubrações pessoais dos autores?

    Vamos colocar em pratica a multidisciplinaridade. Se eu não entendo do assunto, alguém pode entender e assim colaborar com o trabalho, deixando-o provavelmente louvável frente as ciências envolvidas. Divergências e picuinhas sempre existirá, assim como olho gordo e inveja, mas pecar por desconhecimento, pode ser pura ignorância. Assim, use a carapuça, a quem por ventura crê ser o dono da verdade.

    Creio que desta água (salgada) não beberemos, e tão pouco, nos banharemos em suas águas ao longo de seu curso, ou mesmo em sua foz.

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