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Empreendimentos sustentáveis conquistam mercado brasileiro

Brasil ocupa a sexta posição no ranking internacional de edificações verdes.

A solução arquitetônica adotada lança mão de operações simples, que buscam adaptar o programa ao terreno. Baseado em conceitos de sustentabilidade e redução do impacto da construção no meio ambiente, o projeto equaciona topografia e drenagem do terreno, implantando o estacionamento em um único nível, sobre um radier, reduzindo a necessidade de aterros. As demais operações realizadas na topografia (lagos, taludes, bacias de amortecimento e sistema de bombeamento) se tornam suficientes para criar um sistema independente e protegido das interferências do entorno. Foto : FECOMÉRCIO,SESC,SENAC

A importância de amparar a imagem de responsabilidade social tem abarcado, cada vez mais, a própria estrutura física das empresas brasileiras. A procura por construções sustentáveis já é parte da realidade do cenário corporativo, que responde por 50% desses empreendimentos no Brasil. A valorização dos edifícios verdes tem sido traduzida inclusive em certificações criadas e consolidadas pela alta demanda. Conforme o Green Building Council Brasil, o País é o sexto no ranking mundial de empreendimentos verdes.

No Estado, são menos de uma dezena de construções certificadas. A mais recente, que ainda está em fase de planejamento, é a do complexo da Fecomércio-RS, que até 2014 estará em funcionamento no bairro Anchieta. O empreendimento será o primeiro a atender aos critérios do selo Alta Qualidade Ambiental (Aqua) no Rio Grande do Sul. Conforme a arquiteta da Fecomércio-RS, Márcia Palma, a opção pela Aqua se deve ao fato de a certificação estar adaptada aos moldes brasileiros.

Dos 41 edifícios com o selo Aqua no País, que leva em conta 14 critérios – que avaliam a gestão ambiental das obras e as especificidades técnicas e arquitetônicas -, somente 14 são residenciais. Para o coordenador-executivo do processo Aqua na Fundação Vanzolini, instituição que desenvolveu e adaptou a metodologia ao Brasil, Manuel Martins, isso ocorre porque o mercado corporativo já confia na durabilidade e na economia de uso e manutenção desse tipo de edificação, o que vem acontecendo de forma mais lenta nos condomínios habitacionais. “As pessoas começam a perceber que é possível almejar viver em um ambiente assim, além dos benefícios no custo de manutenção”, observa.  Martins avalia ainda que o Rio Grande do Sul apresenta potencial de crescimento no setor, pois tem competência profissional e histórico de preocupação com as questões ambientais.

O sócio da Krebs Sustentabilidade, que atua na nacionalização da certificação LEED, Carlos Krebs avalia que a construção sustentável no Brasil em comparação com outros países ainda é embrionária, e que o Estado vai a reboque do que o País indica como potencial de negócio. Um dos fatores, porém, é a dificuldade no acesso aos materiais. O vice-presidente e coordenador da Comissão do Meio Ambiente do Sinduscon-RS, Rafael Lonzetti, observa, no entanto, que é pequeno o investimento do poder público na ideia. Ele sugere que sejam concedidas linhas de crédito e benefícios tributários aos empreendedores que estão iniciando essa corrente, que ainda depende do baixo nível de interesse dos consumidores. O Sinduscon-RS, assim como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, tem realizado programas de conscientização para as empresas.

Lonzetti acredita que o setor está cada vez mais consciente quanto ao papel da sustentabilidade, assim como os próprios governos. Segundo ele, o próprio programa Minha Casa, Minha Vida é sustentável, visto que, na sua concepção, envolve ainda o desenvolvimento humano, segurança e moradia digna. O Selo Casa Azul, certificação de sustentabilidade da Caixa para empreendimentos habitacionais, é exemplo dessa tendência. As certificações levam em conta todo o ciclo de vida do produto, como o impacto que ele causa no contexto em que está inserido. O diretor da Inovatech Engenharia, consultoria para implantação da certificação Aqua, Luiz Henrique Ferreira, acredita que o foco das certificações deve ser no desempenho da obra, o que garante a sustentabilidade de fato. Isso porque avaliações desse tipo levam em conta as peculiaridades de cada região.

Custos de manutenção compensam aporte inicial na obra

Somente cerca de 25% de uma edificação é custo de produção. O resto corresponde à manutenção. Índice que comprova as vantagens da construção civil sustentável, embora requeira maior investimento inicial. O sócio da Krebs Sustentabilidade Carlos Krebs conta que o custo para a obtenção da certificação é muito mais do que financeiro, e sim de mudança de hábitos, e inclui a prática da multidisciplinaridade, com interação maior dos envolvidos, de forma a facilitar a concepção do projeto sustentável. “Para a construtora, a primeira vez é difícil. Mas depois de já ter os fornecedores, o custo é encontrar novos produtos e a forma de fazer as coisas”, diz.

O coordenador-executivo do processo Aqua na Fundação Vanzolini, Manuel Martins, esclarece que os custos dependem do padrão imobiliário. Apesar do investimento inicial maior, em torno de 2% a 7%, conforme alguns profissionais do setor, o consumo de energia pode ser, em média, 30% menor, e o de água, 30% a 50%. “O investimento inicial é absorvido pelos empreendedores no sentido de ter maior velocidade de venda e preferência na escolha do consumidor”, avalia.

Outro fator que influencia o custo, observa, é o planejamento inicial. O diferencial da Aqua, segundo ele, é a mudança na cultura de construção. A ideia é que os empreendedores invistam fortemente nas fases iniciais para que as escolhas sejam benfeitas, além da necessidade de gerenciamento integrado desde o programa até a entrega.

Segundo o diretor da Inovatech Engenharia, Luiz Henrique Ferreira, o investimento inicial depende da linha de base, ou seja, até que ponto a construtora tem seus processos adaptados. “Temos observado que, entre a maioria dos clientes, quando faz um bom projeto e planeja bem o nível de qualidade, o investimento é pequeno, porque nada mais é do que uma construção benfeita que leva em conta o nível de sustentabilidade. Quando a linha de base já é alta, o investimento adicional pode ser zero”, comenta. Ferreira conta que no mercado corporativo a valorização dessas edificações já é fato, porém, essa somente será uma realidade no País quando for abarcada pelo governo federal, o maior comprador do mercado imobiliário.

Fonte : Jornal do Comércio


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